Cavernas aborígenes milenares são destruídas por mineradora na Austrália
Uma companhia mineradora destruiu um local considerado sagrado para aborígenes da Austrália. De acordo com pesquisadores, as cavernas do Desfiladeiro Juukan tinham um histórico de cerca de 46 mil anos de ocupação humana contínua. A região é rica em minério de ferro, explorado pela empresa Rio Tinto, responsável pelo trabalho de detonação da área.
A empresa conseguiu autorização para a detonação da área em 2013. Mas depois disso, durante pesquisas arqueológicas no local, foram encontrados objetos feitos de pedra lascada, ferramentas de pedra, além de pedaços de cabelo humano e muitos restos de animais. Estima-se que alguns desses artefatos datem de 20 mil anos antes da última Era do Gelo.
A Rio Tinto recebeu duras críticas pela destruição do local. Mas a empresa defendeu suas ações alegando que seguiu os trâmites legais. Além disso, representantes da companhia afirmaram que trabalharam em conjunto com o Comitê de Terras de Puutu Kunti Kurrama (PKKP) discutindo assuntos relacionados a questões de herança aborígene, chegando a alterar projetos que colocariam em risco o patrimônio cultural.
“Há apenas um punhado de locais aborígines na Austrália tão antigos quanto este e estudos arqueológicos comprovam que trata-se de um dos lugares com ocupação mais antiga, não apenas no Platô de Hamersley, mas também de Pilbara e de todo o país. Sua importância não pode ser subestimada”, disse John Ashburton, Presidente do PKKP. “Reconhecemos que a Rio Tinto cumpriu suas obrigações legais, mas estamos seriamente preocupados com a inflexibilidade do sistema regulatório, que não reconhece a importância de tais descobertas arqueológicas no Desfiladeiro de Juukan", completou.
Peter Stone, arqueólogo da UNESCO, chegou a comparar a detonação das cavernas com a destruição das ruínas de Palmira, na Síria, pelo Isis. Após a repercussão negativa, Chris Salisbury, executivo-chefe da Rio Tinto, acabou se desculpando. Ele chamou o ato de "mal-entendido" e disse que a empresa assumia "total responsabilidade". Salisbury afirmou que a companhia irá rever seus planos de ação para a região.
Fontes: The Guardian, Outdoor Revival e ABC Australia
Imagem: PKKP/Reprodução