Cientistas desvendam mistério de crânios deformados encontrados no Japão
O povo Hirota viveu na ilha de Tanegashima, no Japão, entre os séculos III e VII d.C. Escavações feitas no local a partir da década de 1950 revelaram a presença de crânios que apresentavam deformações peculiares. Agora, um novo estudo, publicado no periódico científico PLOS ONE, revela o mistério por trás desses achados.
Modificação craniana intencional
O estudo, assinado por pesquisadores das universidades de Kyushu, no Japão, e de Montana, nos Estados Unidos, aponta que o povo Hirota adotava a prática da modificação craniana intencional. Por milhares de anos, populações humanas de várias partes do mundo cultivavam esse costume, amarrando a cabeça de bebês com tecido ou prendendo a cabeça deles entre dois pedaços de madeira. Estudiosos acreditam que geralmente a prática tinha o significado de pertencimento a um grupo étnico ou social, fortalecendo o senso de coletividade e comunidade.
Por muito tempo, os pesquisadores não tinham certeza se os crânios deformados encontrados em sepulturas do povo Hirota haviam sido modificados de forma intencional. Durante o novo estudo, a equipe utilizou imagens 2D para analisar a forma do contorno dos crânios, bem como varreduras 3D de sua superfície. O grupo também comparou dados de crânios de outros sítios arqueológicos no Japão. Juntamente com a avaliação visual da morfologia do crânio, a equipe reuniu todos esses dados e analisou estaticamente os contornos e formas entre eles.
“A presença de uma parte posterior achatada do crânio caracterizada por alterações no osso occipital, juntamente com depressões em partes que conectam os ossos, especificamente as suturas sagital e lambdoidal, sugere fortemente modificação craniana intencional”, disse Noriko Seguchi, líder do estudo. As motivações por trás dessa prática permanecem incertas, mas os pesquisadores levantam a hipótese de que o povo Hirota deformava seus crânios para preservar a identidade do grupo e potencialmente facilitar o comércio de frutos do mar a longa distância, conforme comprovado por evidências arqueológicas encontradas no local.