Cientistas previram o trágico terremoto do Nepal
O terremoto devastador que sacudiu o Nepal recentemente e provocou milhares de mortes segue um padrão histórico previsto há algumas semanas por especialistas dedicados ao estudo dos movimentos sísmicos na região. Liderada por Laurent Bollinger, da Comissão Francesa de Energia Atômica e Energias Alternativas (CEA), a existência desse padrão de alto poder destrutivo hoje pode ser vista como uma triste premonição. O tremor do último dia 25 seguiu o padrão de grandes terremotos que ocorreram há mais de 700 anos e, de acordo com os geólogos, é o resultado do efeito dominó causado pela tensão acumulada ao longo da falha que há na região.
“Vimos que Catmandu e Pokhara poderiam estar expostas a grandes tremores na sua falha principal, no mesmo ponto onde ocorreu um evento sísmico em 1344”, afirma Paul Tapponier, do Observatório da Terra, em Cingapura.
Os pesquisadores explicam que, quando acontece um terremoto de grande escala, a tensão telúrica se transfere para além do segmento da falha em que acontece, o que foi comprovado com o abalo de 1344, quando essa tensão acumulada desde 1255 foi efetivamente transferida. Da mesma forma, na ocasião atual, a tensão acumulada na região desde 1934 se manifestou através de um novo sismo.
O que mais preocupa os cientistas no momento é que o terremoto ocorrido pode ser o primeiro de vários, que aconteceriam nas próximas décadas. “Os primeiros cálculos sugerem que o terremoto de magnitude 7.8 do dia 25 de abril não foi suficientemente grande para rachar a terra até a superfície. Por isso, é provável que mais tensão esteja se acumulando e presenciemos mais tremores desse tipo a oeste e sul da falha nas próximas décadas”, destaca Bollinger.
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