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Confissões do #Infiltrado: O Mundo dos Exorcistas

Por History Channel Brasil em 23 de Agosto de 2017 às 17:01 HS
Confissões do #Infiltrado: O Mundo dos Exorcistas-0

De início, considerei o tema do exorcismo algo entre o freak show e o apelativo, desprovido da importância que gosto de conferir aos assuntos do Infiltrado. Burro, eu. Porque o demônio está encrustrado na sociedade na mesma medida em que Deus a protege de todo o mal – sem  Coringa não tem Batman, sem Atlético não tem Cruzeiro.

Para penetrar o universo do Cramulhão (o diabo nas muitas acepções de Guimarães Rosa) que precisa ser mandado para as cucuias, me impus a tarefa de virar eu mesmo um exorcista. Dura missão para um descrente total, mas oportunidade rara para o jornalista fuçador que se interessa por desvendar os mecanismos do poder.

se demoniza a cultura afro-brasileira – e, pasme, elege-se o acarajé como porta de entrada do capeta. Que, imagino, desceria pelo esôfago levado pela saborosa iguaria.Fred Melo Paiva, O Infiltrado
Sim, o diabo é uma engrenagem do poder. Se ele existe ou não, particularmente considero risível que se possa considerar de fato sua existência. Mas independentemente disso, é através dele que as religiões distinguem seus “inimigos”.

Dessa forma, se o núcleo familiar tradicional é a base do corpo de fiéis das igrejas, então o gay está com o diabo no corpo. Se interessa aos neopentecostais que o público dos terreiros migre para seus templos, então se demoniza a cultura afro-brasileira – e, pasme, elege-se o acarajé como porta de entrada do capeta. Que, imagino, desceria pelo esôfago levado pela saborosa iguaria.

Compreender esse jogo e poder apresentá-lo ao público de forma divertida e contundente ao mesmo tempo é algo que enche de orgulho esse velho jornalista cansado de guerra. Viva o Infiltrado!