Crânio achado no Brasil revela decapitação mais antiga das Américas
O mais antigo caso de decapitação humana nas Américas foi identificado no Brasil. Há 9 mil anos, um homem, em torno da faixa dos 30 anos, teve a cabeça cortada provavelmente em um ritual religioso após a sua morte, acreditam pesquisadores. Seus restos foram encontrados na caverna Lapa dos Santos, em Lagoa Santa (MG), por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Max Planck, da Alemanha. Um fato que chamou a atenção é que sobre o crânio havia duas mãos amputadas cobrindo os olhos. O estudo foi publicado na revista científica PLoS One.
Em 2007, foi encontrada na caverna um cemitério com restos humanos de 12 mil anos. Entre eles, havia esse crânio, que deixou os pesquisadores intrigados. Ele estava a 55 cm de profundidade, e os cortes da cabeça indicam que foi decepada com uma pedra afiada. Os pesquisadores não acreditam que o crânio seria algo como um "troféu de guerra", mas um indício de que os caçadores-coletores do período já realizavam rituais mortuários sofisticados.
Até então, o mais antigo caso de decapitação documentado nas Américas havia ocorrido há 4 mil anos no Peru. Os arqueólogos estranharam o fato da descoberta ter ocorrido no Brasil, já que a maioria dos rituais envolvendo decapitações foram registrados em civilizações como incas, nascas, moche ou wari, na região dos Andes. No entanto, a forma como o crânio foi encontrado, com duas mão amputadas sobre seus olhos, ainda intriga os pesquisadores e permanece um mistério. Somente um estudo antropológico mais completo poderá fornecer respostas no futuro.
Imagem: @2015 Strauss et al. sob licença Creative Commons