Criado nos anos 30 com inspiração no fascismo, o integralismo ameaça retorno no Brasil
O integralismo brasileiro foi um movimento ultranacionalista, corporativista, conservador e tradicionalista católico de extrema-direita criado pelo escritor e jornalista brasileiro Plínio Salgado. Fundada em 1932, a Ação Integralista Brasileira tinha como inspiração o fascismo italiano e o movimento integralista português. Extinto pelo Estado Novo de Getúlio Vargas em 1937, junto com todos os outros partidos políticos, o movimento ensaia um retorno.
A Frente Integralista Brasileira, criada em 2005, vem promovendo manifestações pelo país e pretende lançar candidatos para o Legislativo nas eleições de 2020. Segundo seus líderes, atualmente o movimento reúne cerca de oito mil filiados. Apesar disso, uma manifestação recente em São Paulo reuniu apenas 15 membros, de acordo com uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo.
Assim como os integralistas originais, os novos entusiastas do movimento adotaram o uso de camisas verdes com o símbolo do sigma bordado no braço esquerdo. Com os braços esticados, eles se cumprimentam usando a palavra "anauê", que significaria "você é meu irmão" no idioma tupi. "A Frente Integralista Brasileira tem como objetivo maior ser o braço forte e o instrumento de mudança de um povo que não pode mais suportar a massificação imposta pela mídia e outros setores, que taxam (sic) de nociva qualquer manifestação em prol dos valores morais, patrióticos e religiosos", diz o texto de apresentação do site do movimento.
Em 1936, a Ação Integralista Brasileira reunia entre 600 mil e um milhão de membros. Com a dissolução da legenda, houve o Levante Integralista, quando alguns de seus membros tentaram dar um contragolpe à ditadura de Vargas, em 1938. Severo Fournier, liderando os integralistas, atacou o Palácio Guanabara junto com 80 militantes. Em resposta, muitos foram fuzilados. Cerca de 1500 integralistas acabaram presos. Depois do incidente, Plínio Salgado se exilou em Portugal.
Após a redemocratização do Brasil, em 1946, Salgado voltou ao país e os integralistas fundaram uma nova sigla, o Partido de Representação Popular (PRP). O novo partido participou das eleições até 1964, quando também foi extinto pela ditadura militar. Depois disso, Salgado chegou se eleger duas vezes como deputado federal pela Aliança Renovadora Nacional (Arena), legenda que apoiava os militares. Após a morte de Salgado, em 1975, o integralismo se desarticulou.
Apesar dos paralelos com o fascismo e o nazismo, os integralistas atuais dizem que não pertencem nem à direita, nem à esquerda, sendo uma "terceira via". Entre outras coisas, eles se opõem ao capitalismo, ao liberalismo político e econômico, ao comunismo, ao imperialismo, ao materialismo e ao capital financeiro internacional, que eles muitas vezes relacionam aos judeus. Apesar disso, eles negam que sejam antissemitas. Mas Gustavo Barroso, um dos fundadores do integralismo original, era um conhecido antissemita, tendo traduzido e publicado a primeira versão em português dos Protocolos dos Sábios de Sião, obra apócrifa que denunciava uma suposta conspiração de judeus para dominar o mundo.
Fonte: O Estado de São Paulo
Imagens: Domínio Público, via Wikimedia Commons