A curiosa história do lança-perfume no Brasil
Por Thiago Gomide do Tá na História.
Parceria HISTORY e Ta Na História
“Lança menina
Lança todo esse perfume
Desbaratina
Não dá para ficar imune
Ao teu amor que tem cheiro
De coisa maluca”
Rita Lee e Roberto de Carvalho lançaram o hit “Lança-perfume”, que tem os versos acima, em 1980.
Sucesso absoluto. No Brasil. Na França. Nos Estados Unidos.
Nos quatro cantos, a moçada requebrou ao som do rock n´roll quase vinte anos depois que a droga foi proibida no Brasil.
O francês lança-perfume apareceu em terras e festejos brasileiros no começo do século XX como um produto que deixava a pele geladinha. Nada demais. Alguns falam 1904. Outros falam 1906.
O fato é que em 1907 já se via a turma portando um tubo dourado e esguichando spray automático no cangote de quem passasse. Evidente que o objetivo original foi transformado.
Geladinha a pele?
Nos bailinhos, festinhas de carnaval e afins, virou moda. Não havia conhecimento das consequências negativas nem uma determinação que era droga. Portanto o lança, como era conhecido e chamado, foi inalado aos montes e vendido como se estivéssemos em uma eterna black friday.
Anúncios em grandes revistas e jornais endossavam a curiosidade e impulsionavam o negócio.
Em 1931, para você ter noção, uma fábrica pediu desculpas publicamente por não conseguir atender todos os consumidores.
Por falar em fábrica: foram abertas algumas no Brasil, em especial no interior de São Paulo. O produto ganhava cara nacional, o preço caia e um novo mercado mostrava ao que veio.
Não mais que de repente, em tudo que era loja tinha um tubinho de metal ou de vidro sendo vendido. Os preços variavam e o acesso era fácil, fácil.
O carnaval de 1961 foi o último que o lança-perfume esteve livre, leve e solto. Nesse mesmo ano, Jânio Quadros, eleito presidente da República pela defesa da moralização e bons costumes, assinou o decreto de número 51.211, proibindo a fabricação, comércio e uso do psicotrópico em todo território nacional.
7 dias depois da canetada, o político de bigode marcante e falas contundentes renunciaria.
Há uma larga bibliografia, acumulada por diferentes pesquisadores, indicando os perigos da inalação do lança-perfume.
Na Universidade de São Paulo, por exemplo, há estudos indicando depressão, alucinações e desorientação após o consumo.
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THIAGO GOMIDE é jornalista e pesquisador. Foi apresentador e editor do Canal Futura e da MultiRio, ambos dedicados à educação. Escreveu e dirigiu o documentário "O Acre em uma mesa de negociação". Além de ser o responsável pelo conteúdo do Tá na História, atualmente edita e apresenta o programa A Rede, na Rádio Roquette Pinto ( 94,1 FM - RJ).
A proposta do Tá na História é oferecer conteúdos que promovam conhecimento sobre personagens e fatos históricos, principalmente do Brasil. Tudo isso, claro, com bom humor e muita curiosidade.
Imagem: Domínio público