Descoberta de crânio de "primo" de 2 milhões de anos poderá elucidar evolução humana
Pesquisadores da Universidade La Trobe, de Melbourne, na Austrália, encontraram o crânio fossilizado de um hominídeo que viveu há cerca de 2 milhões de anos na África do Sul. De acordo com os cientistas, o Paranthropus robustus coexistiu com nossos ancestrais humanos: era um tipo de "primo". A descoberta poderá ajudar a entender melhor a evolução da nossa espécie.
A pesquisa acaba de ser publicada na revista Nature Ecology & Evolution. Os cientistas ficaram entusiasmados com a descoberta, pois é muito raro encontrar um fóssil de crânio praticamente completo. O Paranthropus robustus era um hominídeo de dentes grandes e cérebro pequeno. Jesse Martin, um dos autores do estudo, disse que a descoberta pode levar a uma melhor compreensão da paleobiologia dos ancestrais humanos.
Martin explica que a descoberta desse fóssil masculino demonstra um raro exemplo de microevolução dentro de uma linhagem humana. Coautora do artigo, a Dra. Angeline Leece salienta que é importante saber que Paranthropus robustus apareceu quase ao mesmo tempo que o Homo erectus, nosso ancestral direto. “Essas duas espécies muito diferentes, Homo erectus com seus cérebros relativamente grandes e dentes pequenos, e Paranthropus robustus com seus dentes relativamente grandes e cérebros pequenos, representam experimentos evolutivos divergentes”, afirmou.
O estudo indica que o Paranthropus robustus possivelmente evoluiu suas adaptações de mastigação ao longo de centenas de milhares de anos, em resposta aos desafios enfrentados pela espécie no meio ambiente. “Pesquisas futuras irão esclarecer se as mudanças ambientais colocaram as populações sob estresse alimentar e como isso impactou a evolução humana”, completou Leece.
Os cientistas disseram que é possível que um ambiente mais úmido causado pela mudança climática possa ter reduzido os alimentos disponíveis. Acredita-se que a dieta do Paranthropus robustus era composta principalmente de plantas duras, como tubérculos e cascas. Enquanto isso, o Homo erectus, com seus dentes menores, tinha maior probabilidade de comer tanto plantas quanto carne.
Fontes: Universidade La Trobe e BBC
Imagens: Universidade La Trobe/Divulgação