Descoberta indica que primeiros habitantes do Tibete eram misteriosos hominídeos
Em 1980, um monge tibetano descobriu um osso fossilizado na caverna de Baishiya Karst, que se encontra no planalto tibetano de Xiahe, na China. O monge, acreditando que se tratava dos restos de um santo, deu o osso de presente ao Sexto Buda vivo de Gung-Thang, que, tempos depois, o entregou à Universidade de Lanzhou. O osso, que na verdade era a mandíbula de um hominídeo, ficou sob responsabilidade da instituição por mais de 30 anos.
Em 2016, finalmente começaram a ser realizados estudos sobre esses restos mortais. Os trabalhos determinaram que a mandíbula não pertencia a nenhum Homo erectus ou Homo sapiens, mas os dentes eram muito similares aos encontrados na Caverna Denisova, na Sibéria, em 2010. Determinou-se que a mandíbula tem ao menos 160 mil anos de idade, assim como os espécimes mais antigos da Caverna Denisova.
Isso constitui uma grande descoberta, já que é a primeira vez que se encontram restos fósseis desta misteriosa espécie de hominídeos fora da Caverna Denisova. Além disso, é o fóssil de hominídeo mais antigo encontrado até agora no planalto tibetano, o que sugere que as pessoas que viveram na área já haviam se adaptado a esse local de grande altitude e baixo nível de oxigênio, inclusive antes da chegada do Homo sapiens.
Jean-Jacques Hublin, que coordenou o estudo, descreveu a descoberta como "espetacular". "Até hoje, ninguém imaginou que humanos primitivos pudessem habitar tal ambiente", disse o diretor do departamento de evolução humana do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, em Leipzig, na Alemanha. Recentemente, cientistas descobriram na Sibéria um inédito híbrido entre hominídeos de Denisova e neandertais.
Fonte: The Guardian
Imagem: Jean-Jacques Hublin, MPI-EVA, Leipzig/Divulgação