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Descoberta inédita: encontrada família completa da Idade do Bronze

Um estudo genético revelou as relações familiares e matrimoniais entre os membros do grupo que viveu há 3.800 anos na estepe russa
Por History Channel Brasil em 19 de Setembro de 2023 às 13:03 HS
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Um estudo genético inédito foi capaz de identificar uma família inteira que viveu na Idade do Bronze. A pesquisa foi feita com base na análise dos genomas de esqueletos de 3.800 anos enterrados em um kurgan (túmulo ou monte funerário) encontrado na estepe russa, na fronteira entre a Europa e a Ásia. Os resultados fornecem novos dados sobre as origens e a estrutura genética das comunidades familiares pré-históricas.

Usando a genômica estatística, o estudo revelou as relações familiares e matrimoniais entre os membros do grupo. Segundo os pesquisadores, o kurgan da Idade do Bronze abrigava seis irmãos, suas esposas, filhos e netos. O irmão provavelmente mais velho tinha oito filhos e duas esposas, uma das quais veio das regiões de estepe asiáticas no leste. Os outros irmãos não mostraram sinais de poligamia e provavelmente viviam monogamicamente e tiveram muito menos filhos.

Esqueleto da Idade do Bronze
Um dos esqueletos analisados (Imagem: Svetlana Sharapova/Universidade Johannes Gutenberg Mainz (JGU)/Divulgação) 

“O túmulo fornece um retrato fascinante de uma família pré-histórica”, disse o Dr. Jens Blöcher, principal autor do estudo e professor da Universidade Johannes Gutenberg Mainz (JGU), na Alemanha. “É notável que o irmão primogênito aparentemente tivesse um status mais elevado e, portanto, maiores chances de reprodução. O direito do primogênito masculino nos parece familiar, é conhecido do Antigo Testamento, por exemplo, mas também da aristocracia na Europa histórica", completou.

Segundo os pesquisadores, os dados genômicos também revelam que a maioria das mulheres enterradas no kurgan eram imigrantes. "A mobilidade do casamento feminino é um padrão comum que faz sentido do ponto de vista econômico e evolutivo. Enquanto um sexo permanece local e garante a continuidade da linha familiar e da propriedade, o outro se casa com alguém de fora para evitar a endogamia", disse Joachim Burger, autor sênior do estudo.

“O estado de saúde da família aqui enterrada devia ser muito precário. A expectativa média de vida das mulheres era de 28 anos, a dos homens 36 anos”, disse Svetlana Sharapova, arqueóloga de Ekaterinburg e chefe da escavação. Na última geração da família, o uso do kurgan parou repentinamente e quase apenas bebês e crianças pequenas foram encontrados. “É possível que os habitantes tenham sido dizimados por doenças ou que a população restante tenha ido para outro lugar em busca de uma vida melhor”, completou a pesquisadora.

Fontes
Universidade Johannes Gutenberg Mainz (JGU)
Imagens
iStock