Encontradas as evidências mais antigas do uso de cavalo como meio de transporte
O uso de animais para transporte, em particular o cavalo, marcou uma virada na história da humanidade. O ganho considerável em mobilidade e no encurtamento de distâncias teve efeitos profundos na agricultura, no comércio e na guerra. Agora, pesquisadores encontraram no Leste Europeu as evidências mais antigas da utilização de equinos como montaria.
Cultura Yamnaya
Os pesquisadores fizeram a descoberta ao analisar restos de esqueletos humanos com idades entre 4.500 e cinco mil anos encontrados em túmulos da cultura Yamnaya. Esse povo migrou das estepes pôntico-cáspias para encontrar pastagens mais verdes nos países atuais da Romênia, Bulgária, Hungria e Sérvia. Arqueólogos já sabiam que membros dessa cultura pastoreavam gado e ovelhas, mas o novo estudo sugere que eles também andavam a cavalo.
Durante o estudo de 156 esqueletos da cultura Yamnaya, a equipe procurou indícios de “síndrome da equitação”, um conjunto de seis sintomas físicos associados à montaria regular. Entre esses indicadores estão alterações na forma dos encaixes do quadril, degeneração vertebral causada por impactos repetidos, traumas esqueléticos decorrentes de quedas e alterações na pelve e nos ossos da coxa. No geral, 24 esqueletos (15,4% do número total) mostraram sinais da síndrome de equitação. Destes, nove apresentaram pelo menos quatro das seis características e foram, portanto, classificados como “cavaleiros altamente prováveis”.
“A prevalência bastante alta dessas características no registro do esqueleto, especialmente no que diz respeito à completude geral limitada, mostra que essas pessoas andavam a cavalo regularmente”, afirmou Martin Trautmann, bioantropólogo da Universidade de Helsinque e líder do estudo. “A equitação parece ter evoluído não muito depois da suposta domesticação de cavalos nas estepes ocidentais da Eurásia durante o quarto milênio a.C. A prática já era bastante comum em membros da cultura Yamnaya entre 3.000 e 2.500 a.C.”, concluiu Volker Heyd, professor de arqueologia da mesma instituição e membro da equipe que fez a descoberta.