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Epidemia do sono: estranha doença afetou milhões de pessoas nos anos 1920

Misteriosa moléstia deixava os pacientes em estado de sonolência, "tão passivos quanto zumbis"
Por History Channel Brasil em 29 de Agosto de 2022 às 22:11 HS
Epidemia do sono: estranha doença afetou milhões de pessoas nos anos 1920-0

Quem leu as histórias em quadrinhos do Sandman ou assistiu ao novo seriado que adapta a obra de Neil Gaiman para a TV já ouviu falar na epidemia do sono. Apesar de parecer ficção, essa doença realmente existiu e afetou milhões de pessoas nas décadas de 1910 e 1920. O mais surpreendente é que até hoje a causa dessa moléstia ainda não foi completamente desvendada. 

Encefalite letárgica

A encefalite letárgica, como a doença ficou conhecida, deixava as pessoas em um estado de torpor e sono profundo. "Eles se sentavam imóveis em suas cadeiras e não falavam o dia todo, totalmente sem energia, ímpeto, iniciativa, motivação, apetite, afeto ou desejo", disse o médico Oliver Sacks, que na década de 1960 atendeu pacientes que haviam contraído a doença anos antes. Segundo ele, os portadores da moléstia eram "tão passivos quanto zumbis".

Os primeiros casos de encefalite letárgica foram descritos entre 1916 e 1917 na Europa pelo médico Constantin von Economo. Acredita-se que mais de um milhão de pessoas em todo o mundo tenham contraído a doença, que ataca o sistema nervoso central. A moléstia começava com sintomas semelhantes aos da gripe, mas o quadro evoluía rapidamente e os pacientes passavam a apresentar sintomas neurológicos.

Os portadores da doença dormiam por longos períodos de tempo, além de sofrerem de confusão mental e delírios. Pacientes que apresentavam os sintomas mais graves tinham 50% de chance de sobrevivência. Mesmo as pessoas que se recuperaram, sofreram sequelas que duraram por anos após a infecção.

Como o aparecimento da encefalite letárgica coincidiu com a pandemia de gripe espanhola, suspeitou-se que as duas doenças pudessem estar conectadas. Também especulou-se que a doença do sono pudesse estar relacionada com a poliomielite ou resultasse de uma condição autoimune. Até hoje não há evidências suficientes para provar nenhuma das teorias.

Fontes
IFLScience, Yahoo e Collider
Imagens
Domínio Público/YouTube/Reprodução