Espécie ancestral dos humanos já enterrava seus mortos há 300 mil anos, diz estudo
Um novo estudo sugere que o Homo naledi, um hominídeo extinto que viveu entre 335 mil e 236 mil anos atrás, enterrava seus mortos em câmaras subterrâneas de cavernas. Isso quer dizer que eles praticavam esse ritual funerário cerca de 160 mil anos antes de espécies como o Homo sapiens ou os neandertais. A teoria se baseia em evidências encontradas em cavernas na África do Sul.
Os primeiros fósseis do Homo naledi foram descobertos há uma década nas mesmas cavernas por uma equipe liderada pelo paleoantropólogo Lee Berger, da Universidade de Wits, em Joanesburgo. Agora, o pesquisador e seus colegas descobriram indícios de que essa espécie de hominídeo sepultava intencionalmente seus mortos e fazia marcações nas paredes das cavernas. As descobertas foram publicadas no periódico eLife em três artigos que ainda aguardam revisão por pares.
Os pesquisadores afirmam que essas são as primeiras evidências de práticas funerárias entre os ancestrais dos humanos. Até agora, os cientistas acreditavam que comportamentos culturais complexos, como sepultamento e marcação, exigiam um cérebro maior, semelhante ao dos neandertais e Homo sapiens. No entanto, o Homo naledi tinha um cérebro pequeno, com cerca de um terço do tamanho desse órgão nos seres humanos modernos.
Alguns pesquisadores argumentam que as evidências apresentadas até agora são insuficientes para confirmar que o Homo naledi enterrava seus próprios mortos em cavernas. Segundo eles, também é impossível determinar se foi o Homo naledi ou visitantes posteriores, como o Homo sapiens, que criaram as gravuras descobertas pela equipe de Berger. O sepultamento intencional mais antigo conhecido do Homo sapiens remonta a aproximadamente 78.300 anos na África, enquanto túmulos de neandertais no Curdistão iraquiano têm uma estimativa de idade entre 70 mil e 60 mil anos.