A estranha epidemia da doença que causava "congelamento" em quem fosse infectado
Por volta de 1915, uma estranha doença chamada encefalite letárgica assustou a Europa. Embora muitas pessoas tenham morrido dessa enfermidade, a maioria dos infectados simplesmente dormia: os sintomas eram descritos como uma espécie de "congelamento". Por esse motivo, suas vítimas eram descritas como estátuas vivas.
A encefalite letárgica também ficou conhecida como "a doença europeia do sono". Segundo os registros históricos, milhões de pessoas foram infectadas e, embora a enfermidade tenha desaparecido durante a década de 1930, as pessoas infectadas continuaram paralisadas. Foi preciso esperar várias décadas para que finalmente um neurologista descobrisse que havia uma oportunidade de despertar os doentes.
Os registros do austríaco Constantin von Economo, primeiro médico a descrever a doença, permitem saber que os primeiros sintomas a aparecer eram a febre e a faringite, como acontece com a gripe. No entanto, as pessoas também ficavam desorientadas, sonâmbulas e, em seguida, entravam em completa letargia. Em 1917, a doença havia se propagado pela Inglaterra, Áustria e França, coincidindo com a pandemia de Gripe Espanhola.
Em 1924, quando a epidemia alcançou seu pico, ela já havia se espalhado por toda a Europa e, em pouco tempo, alcançou também o continente americano, provavelmente pelo movimento de pessoas gerado pela Primeira Guerra Mundial. Em 1933, quando a epidemia acabou inexplicavelmente, os médicos continuaram atendendo aos pacientes congelados pela encefalite letárgica, muitos deles tendo ficado décadas em estado letárgico.
Na década de 1960, quando descobriu-se que o medicamento Levodopa (L-DOPA) poderia reverter alguns sintomas do Mal De Parkinson ,o neurologista britânico Oliver Sacks resolveu testá-lo em pacientes de encefalite letárgica, junto com outras técnicas de estímulos diversos. Inicialmente, o tratamento deu certo: pessoas que estavam "congeladas" há mais de 40 anos chegaram a despertar, recobrando a consciência. Infelizmente, essa reversão durou pouco e os portadores da doença voltaram a ficar catatônicas. A doença ainda hoje é considerada um dos maiores mistérios do século XX. Alguns estudos sugerem que seus casos mais graves podem estar relacionados com infecções conjuntas de Gripe Espanhola.
Fontes: Infobae e Interesting Engineering
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