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Estudo revela significados secretos de pinturas rupestres na Amazônia

Em parceria com anciões indígenas, arqueólogos estão decifrando as imagens registradas há mais de 11 mil anos
Por History Channel Brasil em 13 de Novembro de 2024 às 12:15 HS
Estudo revela significados secretos de pinturas rupestres na Amazônia-0

Em parceria com anciões indígenas, arqueólogos estão decifrando pinturas rupestres de mais de 11 mil anos na Amazônia colombiana. Entre os motivos registrados nas formações rochosas, há figuras da fauna local, como onças e anacondas, além de representações de seres humanos transformando-se em animais. Um estudo sobre o projeto foi publicado em uma edição especial do periódico  Advances in Rock Art Studies.

Mundos espirituais e humanos

Os estudiosos da Universidade de Exeter, na Inglaterra, em colaboração com instituições sul-americanas, fizeram pesquisas na região da Serranía de La Lindosa, noroeste da Colômbia. A inclusão de especialistas locais permitiu uma interpretação mais rica das imagens, que são entendidas como manifestações rituais e simbólicas, representando a interação entre mundos humanos e espirituais, mais do que simples retratos da fauna e da vida cotidiana dos antigos povos da região.

Figuras estudadas pelos pesquisadores
Figuras estudadas pelos pesquisadores (Imagem: Hampson, J.; Iriarte, J.; Aceituno, F.J. ‘A World of Knowledge’: Rock Art, Ritual, and Indigenous Belief at Serranía De La Lindosa in the Colombian Amazon. Arts 2024, 13, 135. https://doi.org/10.3390/arts13040135 (CC BY 4.0))

“Descendentes indígenas dos artistas originais nos explicaram recentemente que os motivos rupestres aqui não ‘refletem’ simplesmente o que os artistas viam no mundo ‘real’”, disse Jamie Hampson, arqueólogo da Universidade de Exeter. “Eles também codificam e manifestam informações críticas sobre como comunidades indígenas animistas e perspectivistas construíam, interagiam e perpetuavam seus mundos ritualizados e socioculturais”, completou.

Nas três temporadas de campo entre 2021 e 2023, a equipe de pesquisa acompanhou dez anciões e especialistas indígenas a seis painéis de arte rupestre na formação de Cerro Azul. Falando em espanhol e em línguas indígenas como o desano, o tukano e o nukak, os anciões compartilharam seu conhecimento sobre figuras que retratam transformações entre homem e animal, ressaltando a importância espiritual dessas imagens. 

Os esforços para integrar as comunidades locais ao projeto também resultaram na criação de um diploma para fomentar o turismo cultural sustentável na região. “É a primeira vez que as visões dos anciões indígenas sobre a arte rupestre de seus ancestrais foram totalmente incorporadas à pesquisa nesta parte da Amazônia”, afirmou Hampson, destacando que a inclusão dessas perspectivas permite uma compreensão mais respeitosa e profunda sobre o significado sagrado dessa arte.

Fontes
Universidade de Exeter
Imagens
Parques Nacionales/Governo da Colômbia/Divulgação