Eugenia: o maior projeto de purificação de raça não foi inventado pelos nazistas
Quem pensa que o maior processo de "purificação de raças" ocorreu a mando do regime nazista está enganado: isso se deu no início do século XX, sob chancela dos EUA.
Os defensores da eugenia procuram “melhorar a espécie”, impedindo que indivíduos caracterizados como "inferiores" nasçam ou se reproduzam. Sabe-se que os nazistas justificaram o holocausto judeu (e a perseguição sangrenta de pessoas de etnias ou inclinações contrárias às que pregavam) com premissas eugênicas.
A Eugenics Record Office (ERO) começou a funcionar em 1909 no estado de Nova York, nos EUA. Seu diretor, o biólogo da Harvard Charles Davenport e seu braço direito, o graduado de Princeton Harry H. Laughlin, lideraram uma batalha sangrenta contra quem era classificado (de acordo com seus parâmetros arbitrários) como demente, retardado ou simplesmente “estranho”.
Calcula-se que, desde seu aparecimento até seu fechamento, em 1938, a ERO tenha esterilizado mais de 60 mil pessoas, provenientes, em sua maioria, de bairros pobres. A crise econômica da década de 30 levou ao fim da agência, que, no momento do seu encerramento, já estava estabelecida em 30 estados norte-americanos.
Embora o projeto pareça delirante, grandes pensadores da época, oriundos das universidades de maior prestígio do país norte-americano apoiaram e financiaram a organização. Essas teorias científicas controversas encontram um apoio muito fértil em uma sociedade profundamente sacudida pelos conflitos políticos e raciais, além de serem particularmente convenientes aos setores mais poderosos do país.
Fonte: Yorokobu
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