Fim da gripe espanhola foi comemorado com o grande carnaval da perdição
Por Thiago Gomide do Tá na História.
Parceria HISTORY e Ta Na História
O carnaval de 1919 parecia a redenção. O encontro dos vivos. O extravasar depois de um contato tão próximo com a finitude.
Nas festas de rua ou nas festas de clubes, como no Democráticos, no centro da cidade do Rio de Janeiro, a turma bebia e cantava até não poder mais.
Tem uma marchinha, das inúmeras, que mostra bem o que rolou:
“Não há tristeza que possa/ Suportar tanta alegria./ Quem não morreu da espanhola,/ Quem dela pôde escapar/ Não dá mais tratos à bola/ Toca a rir, toca a brincar...”.
A Espanhola era a gripe. Mas não era uma gripe qualquer. Seu poder ofensivo e seus danos eram enormes. Entrou de navio em nossas terras, vinda da Europa, pelo porto do Recife, trazendo no currículo milhões de mortos.
Por aqui foi devastadora.
Estima-se que cerca de 35 mil brasileiros morreram. No Rio de Janeiro, uma cidade com cerca de 1 milhão de habitantes, é calculado que 600 mil pessoas pegaram a doença e 15 mil não resistiram.
Não era para curtir muito a folia depois desse caos?
Então, no carnaval, além das marchinhas, teve desfile com um tipo de carro alegórico representando a lenda do chá da meia noite.
Beijos e abraços rolaram até não poder mais.
Tanto amor reprimido pela quarentena, pelo isolamento, pelo desespero gerou, 9 meses depois, o nascimento de muitos bebês.
Eles são chamados de “filhos da gripe”. Quer saber os detalhes dessa história pra lá de picante? Aperta o play!
THIAGO GOMIDE é jornalista e pesquisador. Foi apresentador e editor do Canal Futura e da MultiRio, ambos dedicados à educação. Escreveu e dirigiu o documentário "O Acre em uma mesa de negociação". Além de ser o responsável pelo conteúdo do Tá na História, atualmente edita e apresenta o programa A Rede, na Rádio Roquette Pinto ( 94,1 FM - RJ).
A proposta do Tá na História é oferecer conteúdos que promovam conhecimento sobre personagens e fatos históricos, principalmente do Brasil. Tudo isso, claro, com bom humor e muita curiosidade.
Imagem: Cordão da Bola Preta/Reprodução