"Índio do Buraco": último representante de tribo isolada é encontrado morto em Rondônia

 Fundação Nacional do Índio (Funai) confirmou que o "Índio do Buraco" foi encontrado morto em Rondônia. Vivendo sozinho há mais de 30 anos, o homem era considerado o último representante de uma tribo isolada, de etnia desconhecida. Os membros remanescentes desse povo haviam sido mortos por fazendeiros na década de 1990.

Isolamento voluntário

"O corpo do indígena foi encontrado dentro da sua rede de dormir em sua palhoça localizada na Terra Indígena Tanaru, no último dia 23 de agosto", disse a Funai em um comunicado. De acordo com a entidade, não havia sinais de violência ou luta no local. Acredita-se que ele tivesse pouco mais de 50 anos de idade.

Ao longo das últimas décadas, o “Índio do Buraco” foi visto por diferentes ativistas dos direitos das tribos isoladas rondando em áreas de difícil acesso nas margens do rio Amazonas. Segundo a entidade, ele vivia em isolamento voluntário há cerca de 26 anos. Por suas condições de vida, ele chegou a ser chamado de "o homem mais solitário do planeta".

O “Índio do Buraco” era assim chamado por cavar buracos profundos para caçar pequenos animais. Além disso, ele possuía uma pequena horta, na qual cultivava mandioca e hortaliças. A partir da confirmação da presença do índio isolado, em 1996, a Funai realizou algumas tentativas de contato, mas logo recuou ao perceber que ele não estava interessado. A última tentativa ocorreu em 2005. 

De acordo com a Funai, na década de 80, a colonização desordenada, a instalação de fazendas e a exploração ilegal de madeira em Rondônia provocaram sucessivos ataques aos povos indígenas isolados, num constante processo de expulsão de suas terras e de morte. Após o último ataque de fazendeiros ocorrido no final de 1995, o “Índio do Buraco” se tornou o único remanescente de seu grupo (que era estimado em seis pessoas). Os culpados jamais foram punidos.