Nazista de 96 anos é detida após fugir de julgamento na Alemanha
Uma idosa de 96 anos acusada de ter sido cúmplice do Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial foi detida por autoridades da Alemanha após tentar fugir no dia do início de seu julgamento. A ré, que se chama Irmgard Furchner, foi secretária de um comandante nazista da SS que atuava no campo de concentração de Stutthof, na Polônia. Estima-se que 65 mil prisioneiros tenham sido mortos no local, incluindo 28 mil judeus.
Idosa nazista em fuga
A polícia emitiu um mandado de prisão após descobrir que Irmgard havia fugido de táxi do lar de idosos onde vive. Ela deixou o local em um táxi na manhã de seu julgamento e partiu em direção de uma estação de metrô. A acusada passou várias horas desaparecida antes de ser capturada pelos policiais.
O Comitê Internacional de Auschwitz, órgão que se destina a auxiliar sobreviventes do campo de concentração e suas famílias, emitiu uma nota dizendo que seus membros ficaram indignados com a fuga da mulher. "Isso é uma demonstração de desprezo incrível pelo império da lei e também pelos sobreviventes", disse Christoph Heubner, presidente executivo do comitê.
Irmgard é acusada de ter sido cúmplice em mais de 11 mil casos de homicídio. De acordo com a promotoria, ela “ajudou os responsáveis pelo campo no assassinato sistemático de prisioneiros judeus, membros da resistência polonesa e prisioneiros de guerra soviéticos, em sua função como estenógrafa e secretária do comandante do campo” entre junho de 1943 e abril de 1945. O comandante do campo, Paul Werner Hopp, foi sentenciado a nove anos de prisão em 1957.
Em sua defesa, a ex-secretária alega que nunca soube que as pessoas estavam sendo executadas em uma câmara de gás em Stutthof. Na época do Holocausto ela tinha menos de 21 anos, sendo considerada menor de idade pela legislação local. Portanto, o tribunal responsável pelo seu caso é exclusivo para menores. Poucas mulheres foram julgadas por crimes de guerra cometidos em campos de concentração nazistas.
Criado em 1939, o campo de Stutthof ficava localizado em uma região da Polônia que estava sob ocupação nazista. Câmaras de gás começaram a ser utilizadas para execuções no local a partir de junho de 1944. O campo foi libertado por tropas soviéticas em maio de 1945, quando o conflito se aproximava do fim.