O que está acontecendo no Afeganistão? Entenda a volta do Talibã ao poder
Com a tomada de Cabul pelo grupo extremista islâmico Talibã, os olhos do mundo estão mais uma vez voltados para o Afeganistão. A crise tem diversos fatores, mas a situação começou a se deteriorar após a retirada do país das tropas dos Estados Unidos (que estavam lá há 20 anos). Isso abriu caminho para que os radicais retomassem o poder.
Situação no Afeganistão
As tropas dos Estados Unidos foram enviadas ao Afeganistão em 2001 como resposta aos atentados de 11 de setembro. O ataque às Torres Gêmeas foi executado pelo grupo terrorista Al-Qaeda, cujo líder, Osama Bin Laden, estava escondido no país. Ele era protegido pelos radicais do Talibã, que estavam no poder desde 1996.
O Talibã surgiu no início da década de 1990 no norte do Paquistão, após a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão. Depois de tomar o poder, o grupo se notabilizou pelas medidas extremas impostas à população. Baseado na interpretação radical da Sharia (a lei islâmica), o Talibã obrigou os homens a usarem barba e as mulheres a cobrirem todo o corpo com burkas. Além disso, meninas maiores de dez anos foram proibidas de irem para a escola. Música, cinema e televisão também foram banidos do país.
Em 2001, quando o Talibã se recusou a entregar Bin Laden, os Estados Unidos fizeram uma intervenção militar no Afeganistão. Assim, o grupo radical foi derrubado do poder e um novo governo interino foi constituído com o apoio dos EUA. Em 2004, os afegãos elegeram pela primeira vez um presidente de forma democrática.
Nos anos seguintes, a situação continuou tensa no Afeganistão. Em 2009, o presidente Barack Obama autorizou o envio de mais tropas dos EUA ao país. Mas, cinco anos depois, ele declarou o fim das principais operações de combate. A intervenção dos Estados Unidos no país não foi suficiente para acabar com o Talibã, que ressurgiu com força a partir de 2015.
Em 2020, os EUA e o grupo islâmico assinaram um acordo. Após negociações em Doha, o presidente Donald Trump anunciou que retiraria as tropas do país em 14 meses. Em abril deste ano, o atual presidente, Joe Biden, informou que os Estados Unidos removeriam suas tropas em uma retirada que começou em maio. A partir daí, o Talibã começou uma nova ofensiva que culminou agora com a tomada de Cabul.
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Imagens: Trent Inness/iStock e iStock