O terrível experimento realizado na Dinamarca com crianças da Groenlândia
Em 1950, várias crianças groenlandesas foram distanciadas de suas famílias e levadas à Dinamarca para serem criadas como cidadãs dinamarquesas. Elas foram cobaias de um experimento que buscou melhorar o nível de vida das comunidades que habitavam a Groenlândia. Lá, a maioria das pessoas ainda vivia da caça de focas, falava pouco a língua dinamarquesa e enfrentava um surto de tuberculose.
O projeto, com a ajuda da fundação Save the Children, da Dinamarca, propôs-se a enviar crianças das comunidades groenlandesas a famílias da Dinamarca. Previamente, as autoridades decidiram enviar cartas a diretores de escolas e sacerdotes, para identificar os jovens mais inteligentes com idades entre 6 e 10 anos.
Apesar da recusa de muitas famílias, em maio de 1951, o barco MS Disko partiu de Nuuk com 22 crianças para a Dinamarca. A chegada dos pequenos colonos era um projeto tão importante que até a própria rainha quis visitar o acampamento onde as atividades eram desenvolvidas.
Um ano depois, 16 das 22 crianças foram enviadas de volta à Groenlândia, mesmo tendo perdido a capacidade de conversar em sua língua nativa, o que dificultou a comunicação com suas respectivas famílias. Além disso, a Cruz Vermelha dinamarquesa, que considerou que as crianças não deveriam viver em más condições com suas famílias originárias, as refugiou em um lar que construiu para elas em Nuuk.
Os garotos terminaram como um pequeno grupo, sem raízes e marginalizados da sociedade. À medida que cresceram, muitos deles sofreram de alcoolismo e inclusive morreram jovens. Recentemente, como um pedido de desculpas, por meio de um comunicado oficial, Mette Frederiksen, primeira-ministra da Dinamarca afirmou: “Não podemos mudar o que aconteceu. Mas podemos assumir a responsabilidade e nos desculparmos com aqueles de quem deveríamos ter cuidado, mas não o fizemos”. A Groenlândia foi uma colônia dinamarquesa até 1953. Desde então, o território tem status de distrito autônomo.
Fonte: BBC
Imagens: Helene Thiesen/Arquivo pessoal/Reprodução