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Os segredos soviéticos que Thatcher tentou esconder e que enriqueceram um espião

Por History Channel Brasil em 11 de Janeiro de 2021 às 18:24 HS
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Em 1985, o governo de Margaret Thatcher proibiu a comercialização na Inglaterra do livro de memórias “Spycatcher”, de Peter Wright, um ex-agente do MI5 (o serviço secreto britânico) . Mas o tiro sairia pela culatra. Após uma longa batalha jurídica, o livro foi liberado em 1988 e se consolidou como um best-seller mundial.

Thatcher tentou impedir a publicação do livro porque ele revelava segredos como a suposta existência de um traidor nas altas esferas do MI5. Segundo o livro, Roger Hollis, ex-diretor do serviço secreto entre 1956 e 1965, era um agente duplo dos soviéticos. Na obra, Wright também faz críticas demolidoras à espionagem britânica, trazendo à tona uma série de operações secretas.

Uma das informações mais polêmicas do livro dizia respeito a um suposto complô do MI5 em colaboração com a CIA para derrubar o então primeiro-ministro Harold Wilson durante seu segundo mandato (1974-1976). Segundo Wright, o serviço secreto britânico suspeitava que o premiê fosse um agente trabalhando para a KGB. A origem da suspeita foi o depoimento de um dissidente soviético chamado Anatoly Golitsyn, que acusou o trabalhista Wilson de colaboração com os soviéticos. A alegação foi rejeitada pelo diretor-geral do MI5, mas Wright e James Jesus Angleton, chefe da contraespionagem da CIA, acreditavam que ela fosse verdadeira.

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Harold Wilson

A publicação das memórias do agente foi proibida pelo governo britânico sob o pretexto de que colocavam a segurança nacional em risco. Além disso, a imprensa do país também foi impedida de fazer reportagens baseadas nas alegações do livro. Isso desencadeou uma batalha legal que durou alguns anos. Em 1987, um juiz britânico liberou a imprensa a abordar o conteúdo do livro. No ano seguinte, a Justiça autorizou a publicação do livro. Em 1991, a Convenção Europeia de Direitos Humanos julgou que o governo da “Dama de Ferro” estava violando a liberdade de expressão.

A proibição governamental acabou servindo como publicidade para a obra e Wright ficou rico com o livro, que vendeu dois milhões de cópias em todo o mundo. O escritor e ex-espião passou seus últimos anos em uma ilha do continente africano, com a satisfação de haver ganhado a batalha legal contra o governo de Thatcher, ainda que várias de suas denúncias tenham sido desacreditadas. 

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Peter Wright


Fonte: ABC 

Imagens: David Fowler / Shutterstock.com e  Wikimedia Commons