Pai da bomba nuclear: quem era o cientista assasinado no Irã
Mohsen Fakhrizadeh, principal cientista nuclear do Irã, foi assassinado nesta sexta-feira (27/11). Ele sofreu um atentado quando estava em um carro em Damavand, na província de Teerã. Testemunhas relataram que ouviram barulhos de explosão e de rajadas de metralhadora.
Segundo agências de inteligência internacionais, Fakhrizadeh era secretamente responsável pelo projeto de armas nucleares iraniano. "Se o Irã algum dia decidir se armar (nuclearmente), Fakhrizadeh seria conhecido como o pai da bomba iraniana", disse um diplomata ocidental à agência de notícias Reuters em 2014. Oficialmente, o país afirma que seu programa nuclear é desenvolvido unicamente para fins pacíficos.
Fakhrizadeh era considerado o mais renomado cientista nuclear iraniano. Professor de física, ele teria liderado o programa iraniano chamado “Amad” ou “Esperança”. Israel e o Ocidente alegam que se tratava de uma operação militar visando a viabilidade de construir uma arma nuclear no Irã, embora Teerã negue esse propósito há anos. Suspeitas de que o Irã estava usando o programa como disfarce para desenvolver uma bomba nuclear levou a UE, os EUA e a ONU a impor sanções ao país em 2010.
Segundo os serviços de inteligência dos EUA e de Israel, o programa secreto comandado por Fakhrizadeh tinha o objetivo de desenvolver uma ogiva atômica. Ele teria trabalhado no projeto durante duas décadas, até seu encerramento no começo dos anos 2000. Porém, suspeita-se que o desenvolvimento das armas nucleares nunca tenha sido realmente interrompido.
Além disso Fakhrizadeh também era um oficial veterano do grupo de elite de elite do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC). Em 2015, o New York Times o comparou a J. Robert Oppenheimer, o físico que dirigiu o Projeto Manhattan, que produziu as primeiras armas atômicas durante a Segunda Guerra Mundial. Seu nome chegou a ser citado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, como o responsável pelo projeto secreto de armas nucleares do Irã.
Em uma postagem no Twitter, Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores do Irã acusou Israel de participação no assassinato. Entre 2010 e 2012, quatro cientistas nucleares iranianos foram assassinados. Em todas as ocasiões o Irã apontou o governo israelense como cúmplice nas mortes. O comando do IRGC anunciou que o Irã vingará a morte do cientista.