Quase 3 mil peças de plástico são encontradas em sítio arqueológico da Idade do Ferro
Um grupo de arqueólogos encontrou aproximadamente 3 mil peças de plástico em torno das réplicas de casas circulares da Idade do Ferro, que reconstroem o antigo forte de Castell Henllys, no País de Gales. Mas não se tratam de artefatos antigos: são itens descartados durante excursões ao sítio arqueológico de mais de 2 mil anos. O local tem sido visitado por turistas e estudantes desde a década de 1980.
Os visitantes, longe de respeitarem o sítio arqueológico, depositaram no local colheres de plástico, óculos, tampas de garrafas, baterias de celulares, restos de latas de tinta e embalagens de produtos comestíveis, encontrados pelos especialistas com a utilização de técnicas reservadas para documentar ferramentas de pedra e ossos. "A presença de plástico no registro arqueológico e geológico pode ser a assinatura definidora do Antropoceno", diz o estudo, liderado por Harold Mytum e James Meek, pesquisadores da Universidade de Liverpool, na Inglaterra. O termo refere-se ao conceito criado pelos cientistas Paul Crutzen e Eugene F. Stoermer para defender que a Terra já entrou em uma nova era geológica marcada pela ação humana.
H. Mytum/Universidade de Liverpool/Divulgação
Originalmente, os pesquisadores pretendiam estudar a reconstrução da vila da Idade do Ferro em Castell Henllys, usada como recurso educacional nas últimas décadas. As estruturas redondas com telhado de palha, construídas com os mesmos materiais utilizados na Idade do Ferro, estavam sendo demolidas. Uma escavação ao seu redor daria aos arqueólogos uma ideia de como as casas originais podem ter se deteriorado. Mas a pesquisa acabou surpreendendo os estudiosos por outro motivo. “Não esperávamos encontrar grandes quantidades de lixo - principalmente plástico”, disse Mytum.
A. Fairley/Cambridge.org
Segundo os autores do estudo, os arqueólogos do futuro poderão se referir aos tempos atuais como a "Idade do Plástico". “O plástico cria uma assinatura arqueológica do nosso tempo (o Antropoceno), uma marca que é prejudicial ao meio ambiente”, disse Mytum. "Esse plástico vai entrar no ciclo ecológico e ter consequências mais sérias", completou.
A. Fairley/Cambridge.org
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