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A surpreendente história da mulher que foi precursora das vacinas, mas acabou esquecida

Lady Mary Wortley Montagu apresentou ao ocidente um método de inoculação contra varíola
Por History Channel Brasil em 03 de Janeiro de 2022 às 12:15 HS
A surpreendente história da mulher que foi precursora das vacinas, mas acabou esquecida-0

O médico e naturalista britânico Edward Jenner é apontado como o “pai da vacina”, devido à sua descoberta sobre a imunização da varíola, em 1796. O que nem todos sabem é que, antes dele, uma mulher já havia introduzido o mesmo conceito na Inglaterra. Seu nome era Lady Mary Wortley Montagu, mas seu pioneirismo acabou sendo esquecido.

Inoculação contra varíola

Lady Mary era uma aristocrata que se tornou conhecida por seus escritos, incluindo ensaios e poesias. Considerada uma mulher à frente do seu tempo, ela fugiu de casa com 23 anos para evitar um casamento arranjado. Contra a vontade de seus pais, ela se casou com Edward Wortley Montagu, também membro da aristocracia.

Após ser nomeado embaixador da Inglaterra no Império Otomano, Edward foi morar com Lady Mary em Constantinopla (atual Istambul, capital da Turquia) em 1716. Lá, ela passou a escrever a respeito da vida no oriente, descrevendo particularmente as mulheres, cujas roupas, estilo de vida e tradições a intrigavam. Um dos aspectos que chamaram sua atenção dizia respeito ao método usado pelas habitantes idosas para evitar que crianças contraíssem varíola.

Lady Mary e o filho
Lady Mary e o filho

Percebendo que as pessoas que sobreviviam à varíola só contraíam a doença uma vez, as idosas de Istambul desenvolveram um modo de induzir uma forma leve de contágio nas crianças, chamado de "enxerto". Retirava-se o pus da bolha de um paciente infectado, fazia-se um corte no braço da pessoa que elas desejam imunizar e esfregavam o pus naquele corte. Isso geralmente provocava sintomas suaves, seguidos por proteção durante toda a vida.

A própria Lady Mary havia sobrevivido à varíola, mas perdeu um irmão para a doença. Assim, ela convenceu o cirurgião da embaixada inglesa a usar o método para imunizar o filho dela. Em 1721, já de volta à Inglaterra, a filha de Lady Mary também foi inoculada, tornando-se a primeira pessoa a ser submetida ao procedimento no país. Para provar que o método funcionava, elas visitaram residências de pessoas contaminadas para se expor à doença.

Edward Jenner aplica a primeira vacina
Edward Jenner aplica a primeira vacina

No mesmo ano, foi realizado um experimento na prisão Newgate, em Londres, que ajudou a convencer as pessoas sobre os benefícios do procedimento. Ofereceu-se a diversos condenados à morte a possibilidade de substituir sua pena pela inoculação com a varíola, concedendo-lhes a liberdade se sobrevivessem. Todos eles aceitaram a oferta e sobreviveram. Após o sucesso do método, até mesmo a realeza britânica aderiu à inoculação.

Setenta e cinco anos depois, o médico Edward Jenner, que havia sido inoculado quando criança, levou o processo adiante. Ele percebeu que as pessoas que haviam sofrido de varíola bovina (doença similar que atinge as vacas, mas é muito suave em seres humanos) tornavam-se imunes à varíola humana. Assim, ele desenvolveu um método mais seguro de inocular varíola bovina em humanos, aperfeiçoando a técnica apresentada por Lady Mary. Foi o nascimento das vacinas como as conhecemos hoje.

Fontes
The Conversation, via BBC
Imagens
Domínio Público, via Wikimedia Commons