Terrorista sequestrou um avião pra matar o Sarney
Por Thiago Gomide do Tá na História.
Parceria HISTORY e Ta Na História
Quem viveu 1988, lembra bem. Crise econômica, inflação passando dos 1000%, luta pra fechar as compras do mês e um histórico de planos econômicos que não davam em nada.
Muita gente desesperada com a situação colocava a culpa no José Sarney, então Presidente da República.
Um desses revoltados era o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos.
Ele se virava dirigindo tratores, mas tinha acabado de ficar desempregado.
Revoltado é uma coisa. O que Raimundo faria era cena de cinema, típica de terroristas.
Após pensar muito, Raimundo resolveu sequestrar um avião e jogar no Palácio do Planalto. Dar um fim ao Sarney.
O voo da Vasp decolou de Porto Velho, Rondônia, em direção ao Rio de Janeiro. A bordo 143 pessoas.
Quando o avião já estava no espaço aéreo da cidade maravilhosa, bem perto do aeroporto, Raimundo se levantou, mostrou um revólver calibre 32 e anunciou o sequestro do avião.
Um comissário de bordo chamado Ronaldo tentou impedi-lo de entrar na cabine nos pilotos, mas foi baleado.
Raimundo não conseguiu abrir a cabine. Resultado: deu vários tiros na porta. Na época as portas das cabines de avião ainda não eram blindadas – e, não custa lembrar, que os aeroportos não contavam com detectores de metais.
Esses tiros, logicamente, atravessaram a porta. Um deles atingiu a perna de um tripulante extra, o Gilberto, e outro tiro atingiu o painel de controle da aeronave.
Desespero total.
Essa ação exagerada fez com que os pilotos abrissem a porta, mas não sem antes enviar uma mensagem pra torre de controle, acionando o código de emergência para casos de sequestro.
Infelizmente, no momento que Raimundo entrou, o copiloto Salvador Evangelista estava retornando um contato da torre. Raimundo entendeu o que se passava e acertou um tiro na nuca de Salvador, que morreu instantaneamente.
“Eu vou matar o Sarney! Joga esse avião no Planalto! Eu quero matar o Sarney!”, berrava o sequestrador com o piloto Fernando Murilo.
O desejo era simplesmente que o avião desse meia volta em direção a Brasília.
No trajeto, sob a mira de uma arma, Fernando Murilo foi mostrando pro Raimundo que a visibilidade estava muito ruim, que eles não iriam conseguir chegar até Brasília, que provavelmente o combustível do avião iria acabar.
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Conto a negociação do piloto com o sequestrador, os detalhes da chegada da polícia, o fim de Raimundo Nonato e até se José Sarney agradeceu o herói.
THIAGO GOMIDE é jornalista e pesquisador. Foi apresentador e editor do Canal Futura e da MultiRio, ambos dedicados à educação. Escreveu e dirigiu o documentário "O Acre em uma mesa de negociação". Além de ser o responsável pelo conteúdo do Tá na História, atualmente edita e apresenta o programa A Rede, na Rádio Roquette Pinto ( 94,1 FM - RJ).
A proposta do Tá na História é oferecer conteúdos que promovam conhecimento sobre personagens e fatos históricos, principalmente do Brasil. Tudo isso, claro, com bom humor e muita curiosidade.