Tomografia de múmias pré-colombianas revela modos brutais de assassinato (FOTOS)

O modo de vida dos povos pré-colombianos podia ser brutal. Uma recente análise de restos humanos daquelas populações encontrou evidências de trauma por violência em 21% dos homens. Agora, um novo estudo aponta as causas cruéis por trás das mortes de indivíduos mumificados que viveram na América do Sul entre os anos 996 e 1147 d.C.

Múmias naturais

Para o estudo, publicado na revista científica Frontiers in Medicine, os pesquisadores usaram tomografia computadorizada 3D para examinar três múmias pré-colombianas, conservadas desde o final do século XIX em museus europeus. Os tecidos moles dessas múmias são uma rica fonte de informação para os cientistas. “Os tipos de trauma que encontramos não seriam detectáveis se esses restos humanos fossem meros esqueletos”, disse Andreas G Nerlich, professor do Departamento de Patologia da Clínica Bogenhausen de Munique, na Alemanha, e autor do estudo.

Nerlich e seus colegas estudaram uma múmia masculina do acervo do ‘Museum Anatomicum’ da Philipps University Marburg, Alemanha, bem como uma múmia feminina e outra masculina pertencentes ao Museu de Arte e História de Delémont, na Suíça. A primeira múmia era originária da cultura Arica, no Chile, enquanto as outras duas provavelmente vieram da região de Arequipa, no Peru. Múmias podem se formar naturalmente quando ambientes secos absorvem fluidos de um corpo antes que a decomposição aconteça, condição comum nas zonas desérticas do sul da América do Sul. 

Os resultados das tomografias mostram que ambos os indivíduos masculinos morreram por violência intencional extrema. Os autores reconstruíram que a múmia de Marburg havia morrido porque “um agressor atingiu a vítima com força total na cabeça e [um] segundo agressor esfaqueou a vítima (que ainda estava de pé ou ajoelhada) nas costas. Alternativamente, o mesmo ou outro agressor que estava do lado direito da vítima atingiu a cabeça e depois virou-se para as costas da vítima e a esfaqueou”.

De modo parecido, a múmia masculina de Delémont apresentava “trauma maciço contra a coluna cervical que representa provavelmente a causa da morte”. “O deslocamento significativo dos dois corpos vertebrais cervicais é letal e pode ter levado à morte imediata”, disseram os cientistas. Apenas a múmia feminina havia morrido de causas naturais.