Tradução de inscrição de 2 mil anos revela caso de corrupção de imperador romano
Pesquisadores se surpreenderam ao decifrar inscrições feitas em uma placa de pedra há quase dois mil anos. Segundo seus tradutores, trata-se de uma mensagem aos habitantes da antiga cidade romana de Nicopolis ad Istrum, situada nas proximidades de onde hoje fica Veliko Tarnovo, na Bulgária. O motivo do espanto é que o texto registra um caso de corrupção que envolve o imperador romano Septímio Severo e seu filho Caracala.
A placa de pedra que contém a inscrição mede 3 m de altura e pesa duas toneladas. Ela foi encontrada quebrada em quatro pedaços em 1923. O texto, que data do ano 198 d.C., é uma carta imperial romana de 37 linhas, escrita em grego antigo.
Apesar de ter sido descoberta há quase um século, a mensagem só foi traduzida agora. No texto, o imperador Septímio Severo e seu filho Caracala (que havia sido nomeado co-imperador), agradecem aos habitantes de Nicopolis ad Istrum por uma "doação" de 700 mil denários. Segundo Nikolay Sharankov, professor da Universidade de Sofía responsável pela tradução, essa quantia, na verdade, era uma propina.
De acordo com Sharankov, os moradores da cidade fizeram o pagamento a Septímio Severo em troca dos favores dele. Seria uma forma da população redimir-se por ter apoiado um de seus rivais ao título de imperador. “Esta quantia equivaleria a vários milhões de euros, pelos valores de hoje”, disse o pesquisador .
Segundo o pesquisador, além da prova de suborno, a carta imperial contém ainda uma "fake news". "Em sua carta sobre a aceitação da 'doação' dos residentes da cidade, Septímio Severo é apresentado como o herdeiro do Imperador Marco Aurélio (161-180 d.C.), embora sua linhagem fosse norte-africana e não tivesse nada a ver com a dinastia nerva-antonina (96-192 d.C.)", acrescentou Sharankov, referindo-se à dinastia que inclui os imperadores Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio, Lúcio Vero e Cômodo.
Fonte: La Nación
Imagem: Museu Regional de História/Divulgação