Trançados de cestos e artesanatos revelam mais do que você imagina sobre a história do Brasil
Artefatos produzidos pelos povos originários que viviam no Brasil antes da chegada dos europeus são uma rica fonte de conhecimento para os arqueólogos. Ao longo dos anos, foram encontradas peças como cerâmicas, adornos e utensílios feitos de pedra que ajudam a entender aspectos sociais dessas populações pré-históricas. Mas, devido a fragilidade de sua matéria-prima, os pesquisadores encontram um grande desafio para estudar a cestaria (objetos trançados com fibras vegetais e utilizados para diversos fins, como transporte de carga e armazenagem).
Vestígios que resistiram ao tempo
O clima tropical dominante no Brasil só permite que objetos feitos de fibras vegetais se preservem em condições extremas: ou muito secas ou totalmente úmidas. Essa peculiaridade torna difícil para os pesquisadores recuperarem vestígios que resistiram ao tempo. Entretanto, ao escavar sítios arqueológicos em diferentes regiões do país, arqueólogos conseguiram recuperar, em condições excepcionais, pequenos fragmentos de esteiras, cestos, bolsas, abanos e cordas, entre outros artefatos. Os achados permitem aos pesquisadores não apenas estudar a dimensão desses artefatos na vida cotidiana dos povos pré-históricos, mas, especialmente, as técnicas utilizadas para a sua confecção.
Essas descobertas são temas da dissertação “A arte de trançar na pré-história brasileira”, dos pesquisadores Rodrigo Lessa Costa e Tania Andrade Lima. Trata-se de um estudo detalhado sobre alguns dos principais acervos arqueológicos de trançados de fibras vegetais produzidos há centenas de milhares de anos e descobertos por arqueólogos nas últimas seis décadas. O trabalho foi publicado em forma de livro pela Editora Appris.
Investindo na possibilidade de que essas técnicas podem ter sido tradicionalmente passadas de geração a geração ao longo dos tempos, os pesquisadores analisaram comparativamente os trançados pré-históricos e a produção de alguns grupos indígenas atuais. O estudo constata que algumas dessas técnicas se mantiveram até a atualidade. Os autores destacam que é responsabilidade de todos não permitir que esse processo preservado ao longo de milênios desapareça.
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