A tribo indígena que foi submetida a mais de 900 testes nucleares
Nos Estados Unidos, as terras da tribo indígena dos shoshones foram expostas a uma enorme quantidade de testes nucleares, que teriam resultado em efeitos nocivos para seus habitantes. Ian Zabarte, um dos líderes da comunidade, está liderando uma campanha para denunciar ao mundo o que, segundo ele, trata-se de uma “limpeza étnica” de seu povo.
Área de Testes de Nevada
A terra dos shoshones, se estende do Vale da Morte, na Califórnia, passa por Nevada, Idaho, Utah e chega até o parque de Yellowstone, no Wyoming. Apenas o local conhecido como Área de Testes de Nevada foi palco de 928 testes nucleares durante mais de 40 anos, tornando-se a região mais bombardeada com armas desse tipo do planeta. Para efeito de comparação, a bomba de Hiroshima tinha potência de 13 quilotons, enquanto os testes feitos nas terras indígenas somam 620 quilotons.
Em 1863, os shoshones assinaram o Tratado Do Vale do Rubi, e cederam alguns direitos aos Estados Unidos, sem a necessidade de abandonar suas terras. Mas, o governo considera ser proprietário de quase 90% das terras da tribo, que cobrem aproximadamente 24 milhões de hectares. Assim, as autoridades do país tratam as terras como públicas ou federais. Há cerca de um século, membros da tribo têm entrado com diversas ações na Justiça dos EUA visando a recuperação de parte desse território.
A comunidade denuncia que o programa de testes nucleares teria matado milhares de pessoas, e muitas outras teriam sofrido de câncer e outras doenças mortais. Mesmo que muitos dos testes tenham passado a ser subterrâneos a partir de 1962, suspeita-se que gás radioativo emanaria da terra, prejudicando moradores da região. Até hoje, pesquisas que avaliam os impactos dos testes de forma abrangente são escassas. Muitos documentos do Departamento de Energia dos EUA a respeito dessas atividade nucleares permanecem confidenciais.