Vladimir Vetrov: o espião que entregou os maiores segredos soviéticos para o Ocidente
A história de Vladimir Vetrov reúne todos os elementos de uma boa trama de espionagem. Na década de 1960, ele entrou para a KGB e se tornou um espião de elite do serviço secreto da União Soviética. Porém, no início dos anos 1980, ele decidiu mudar de lado e passou a atuar como um agente ocidental. Com o codinome Farewell, ele contribuiu para o fim da URSS.
Logo que ingressou na KGB, Vetrov foi enviado para cumprir uma missão de cinco anos na França. Em Paris, ele tinha um emprego de fachada no Ministério do Comércio Exterior. Mas sua verdadeira função era obter informações secretas durante visitas a laboratórios de pesquisa e empresas de engenharia, além de recrutar cientistas e executivos de tecnologia franceses para trabalhar para os soviéticos.
Quando voltou para Rússia, Vetrov ficou frustrado com a falta de reconhecimento pelo seu trabalho. Ele esperava ser promovido na KGB, o que nunca ocorreu, e isso acabou alimentando seu ressentimento. Acredita-se que ele tenha decidido trabalhar para os ocidentais para se vingar de seus superiores, que não teriam valorizado seu talento.
Em 1981, Vetrov se aproximou do serviço de inteligência francês e iniciou sua trajetória como agente duplo. Durante anos, ele passou milhares de documentos confidenciais para os inimigos da URSS. Ele forneceu detalhes incríveis sobre como os soviéticos usavam 20 mil espiões ao redor do mundo para se apropriar de tecnologias ocidentais secretas. Além disso, entregou os nomes de 250 agentes secretos da URSS que atuavam disfarçados em outros países.
Os dados fornecidos por Vetrov revelavam que em um período de quatro anos os soviéticos haviam roubado ou comprado ilegalmente 30 mil peças de dispositivos e cerca de 400 mil documentos técnicos no Ocidente. Os soviéticos também reuniram informações valiosas sobre as defesas da guerra espacial ocidental, além de planos que abrangiam uma ampla variedade de equipamentos militares.
Durante a Cúpula Econômica de Ottawa, em 1981, o presidente francês François Mitterrand contou sobre Vetrov a Ronald Reagan, o presidente dos Estados Unidos. Ele revelou que os franceses empregavam um agente bem posicionado da KGB, a quem eles chamavam de Farewell, que vazou mais documentos da inteligência soviética do que qualquer outro espião desde os anos 1960. Mitterrand ofereceu o material para Reagan e a CIA. Alguns historiadores acreditam que o acesso dos EUA a essas informações pode ter antecipado em alguns anos o fim da URSS.
Vetrov caiu em desgraça em 1982, após esfaquear sua amante dentro de um carro em Moscou. A vítima sobreviveu, mas ele acabou preso. Na cadeia, ele pediu papel e caneta para os policiais e escreveu um texto intitulado "Confissões de um Traidor", no qual contava sobre sua atuação como agente duplo. Ele foi julgado por traição e executado no ano seguinte.
Fontes: Wired, Radio Free Europe e Air Force Magazine
Imagens: Domínio Público/Reprodução