Você conhece a história da Ordem da Rosa?
Por Ricardo Della Rosa, do canal Passado Presente
A Ordem da Rosa é uma ordem honorífica brasileira criada em 1829 pelo Imperador D. Pedro I para perpetuar a memória de seu matrimônio com Dona Amélia de Leuchtenberg.
É formada por uma estrela branca de seis pontas maçanetadas, unidas por guirlanda de rosas. Ao centro, monograma com as letras "P" e "A" entrelaçadas circundado por orla azul com a legenda "AMOR E FIDELIDADE". No reverso a data 2-8-1829 e a legenda "PEDRO E AMÉLIA". Em alguns graus o conjunto traz no topo a Corôa Imperial.
Saiba mais com a Pílula Histórica dessa semana:
Diferenciação entre os graus da Ordem
Os seis diferentes graus da Ordem da Rosa são definidos através do uso de suas insígnias:
- Grão Cruz - (com corôa) Colar/Fitão + Placa
- Grande Dignitário - (com corôa) Insígnia GRANDE de pescoço + Placa
- Dignitário - (sem corôa) Insígnia de pescoço + Placa
- Comendador - (sem corôa) medalha suspensa pela fita
- Oficial- (sem corôa) Placa
- Cavaleiro - (com corôa) medalha suspensa pela fita
A Ordem da Rosa foi concedida durante o 1o e 2o Império e assim como as demais ordens Imperiais, foi extinta após o banimento da Família Imperial brasileira e o início da República. Abaixo vemos uma placa de Grande Dignitário da Ordem.
Abaixo vemos uma ampliação do contraste com a cabeça de Mercúrio, que indica a fabricação francesa entre 1840 a 1879.
Criação da Ordem da Rosa
Reza a lenda que a Ordem da Rosa foi imaginada por D. Pedro I ao ver o vestido de D. Amelia de Leuchtenberg ao desembarcar no Rio de Janeiro. Acontece que seu casamento foi no dia seguinte e logo após este evento deu-se a primeira distribuição das honrarias. Não seria possível que tudo fosse feito de um dia para o outro.
Porém foi enviado um retrato de D. Amelia para que D. Pedro conhecesse sua fisionomia. Uma rosa lhe ornava o toucado. Inúmeros monumentos foram erguidos por todo o Rio de Janeiro para celebrar o casamento Imperial. Em um deles em especial, na Praça do Comércio, de autoria de Grandjean de Montigny, continha as legendas: Valor, Lealdade, Prudência, Amor, Fidelidade e Constância - O que faz parecer que os elementos estavam lá e a criação desta insígnia reuniu estes elementos.
Autoria do projeto das insígnias
Muitos acreditam errôneamente que o desenho da ordem é de autoria de Jean-Baptiste Debret. Abaixo os originais de Eugène de la Michellerie e Pezerat, do arquivo do Museu Imperial de Petrópolis. Esses são os projetos que foram aprovados, ainda que com algumas modificações.
Agraciados com a Ordem da Rosa
Houve durante o período Imperial uma grande distribuição desta comenda. Poucas foram concedidas no 1o Reinado enquanto no 2o Reinado houve um significativo aumento - mais especificamente durante a Guerra do Paraguai.
Isso deveu-se ao fato de não existir uma medalha específica para atos de bravura individual durante a Guerra do Paraguai (a que existiu nunca foi distribuída - a Medalha aos Mais Bravos). Desta forma o Império contava com as ordens vigentes para preencher tal lacuna. A que foi mais usada foi a da Rosa no seu grau de Cavaleiro. Abaixo vemos uma Ordem da Rosa recebida em 1870 por um soldado paulista, Voluntário da Pátria na Guerra do Paraguai.
A Ordem da Rosa também tinha uma aplicação civil, e era constantemente usada para condecorar pintores, músicos e pessoas ligadas a arte em geral. No final do império foi usada por D. Pedro II como moeda de troca para incentivar fazendeiros a alforriar escravos. Além de brasileiros foi grande a distribuição desta ordem para membros da corte européia e também militares daquele continente. Na imagem abaixo vemos o Brigadeiro José Antonio da Fonseca Galvão, Comandante das Forças Expedicionárias em Mato Grosso contra o Paraguai - morto em combate em 1865.
Tratamento e honras militares
- Grão Cruz - tratamento de "Excelência"
- Grande Dignitário - tratamento de "Excelência"
- Dignitário - tratamento de "Senhoria"
- Comendador - tratamento de "Senhoria"
- Oficial - honras de Coronel
- Cavaleiro - honras de Capitão
Abaixo o diploma de concessão da Ordem da Rosa recebido pelo Capitão de Voluntários da Pátria Antonio Lopes Guimarães.
Bibliografia:
Ordens Honoríficas do Brasil, Luiz Marques Poliano, Imprensa Nacional - 1943
A Guerra do Paraguay na Medalhística Militar Brasileira, Francisco Marques dos Santos – 1937
Medalhas e Condecorações Brasileiras – Collectanea de Actos Officiaes, Coronel Laurenio Lago – 1935
Ricardo Della Rosa é blogueiro, colecionador de antiguidades e pesquisador da história militar brasileira. Em seu canal do You Tube, Passado Presente, ele apresenta várias peças históricas, locais e personagens muito interessantes.