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Morre o consagrado ator Nelson Xavier

Premiado com o Urso de Prata no festival de cinema de Berlim, o artista também se destacou ao interpretar o cangaceiro Lampião e o médium Chico Xavier 
Por History Channel Brasil em 04 de Maio de 2023 às 17:04 HS
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O ator Nelson Xavier morreu em 10 de maio de 2017, aos 75 anos, em Uberlândia (MG). Ele não resistiu a um câncer de pulmão. Atuando no teatro, cinema e televisão, o artista se destacou por ter sido premiado com o Urso de Prata no festival de Berlim e por ter interpretado personalidades carismáticas, como o cangaceiro Lampião e o médium Chico Xavier. 

Paixão pelas artes

Nascido em São Paulo em 1941, Nelson estudou Direito na década de 1950 para atender a um desejo da mãe. Mas a paixão pelas artes venceu e ele mudou de trajetória profissional ao se matricular no curso de artes cênicas da Escola de Arte Dramática (EAD) da Universidade de São Paulo (USP). Na mesma época, ele entrou para um dos mais importantes grupos teatrais do Brasil, o Teatro de Arena.

Nelson Xavier, Tônia Carrero e Emiliano Queiroz
Nelson Xavier, Tônia Carrero e Emiliano Queiroz na peça Navalha na Carne, em 1967 (Imagem: Arquivo Nacional)

Naquele período, Nelson atuou em peças emblemáticas, como Eles Não Usam Black-tie (1958), de Gianfrancesco Guarnieri, Chapetuba Futebol Clube (1959), de Oduvaldo Vianna Filho, Gente como a Gente (1959), de Roberto Freire, e Julgamento em Novo Sol (1962), de Augusto Boal. O período no Teatro de Arena também moldou seu pensamento político: por influência dos colegas, ele começou a ler os clássicos do marxismo. Além de atuar nos palcos, Nelson começou a trabalhar de revisor na revista Visão, onde também foi crítico de cinema e teatro. 

Após o golpe militar de 1964, as peças de cunho político do Teatro de Arena começaram a ser censuradas. Com isso, Nelson passou a estar mais presente no cinema. Entre os filmes que fez, estão O ABC do Amor (1967), de Eduardo Coutinho, Rodolfo Kuhn e Helvio Soto; É Simonal (1970) e A Culpa (1972), de Domingos de Oliveira; e Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto. Por seu papel em A Queda (1978), de Ruy Guerra, ele recebeu um Urso de Prata no Festival de Berlim.

A estreia de Nelson na TV aconteceu na novela Sangue e Areia (1967), de Janete Clair. Seis anos depois, ele interpretou seu primeiro papel de destaque na novela João da Silva. Na obra, um projeto educativo produzido pela TV Rio, e exibido pela TV Cultura, TVE e Globo, Nelson viveu um retirante nordestino, que se muda para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida. 

Nelson Xavier e Cleide Yáconis
Nelson Xavier e Cleide Yáconis na peça Toda Nudez Será Castigada, em 1965 (Imagem: Cedoc-Funarte)

Em 1982, Nelson se popularizou definitivamente ao interpretar o cangaceiro Lampião em Lampião e Maria Bonita, a primeira minissérie da Globo, na qual estrelou ao lado de Tânia Alves. Três anos depois, ele repetiu o sucesso no papel de Pedro Arcanjo em outra minissérie da mesma emissora, Tenda dos Milagres. Em 1989, o ator foi trabalhar na extinta TV Manchete, onde atuou em novelas como Kananga do Japão e Ana Raio e Zé Trovão.

De volta à Globo em 1992, Nelson participou da minissérie Riacho Doce e da novela Pedra Sobre Pedra. Nos anos seguintes, atuou em novelas como Renascer (1993), Irmãos Coragem (1995), Salsa e Merengue (1996), Suave Veneno (1999), O Cravo e a Rosa (2000) e As Filhas da Mãe (2001). Em 2011, interpretou Chico Xavier no filme de sucesso baseado na vida do médium. O ator considerava esse o seu melhor papel. Sua última participação na TV foi na novela Babilônia (2015).

Imagens
Arquivo Nacional/Domínio Público
Fontes
Memória Globo e Estadão