Arca de Noé: Dunas congeladas de Abu Dhabi podem ser evidência de história bíblica

A história do dilúvio é uma das passagens mais populares da Bíblia. Segundo o livro do Gênesis, Deus, enfurecido com os homens, pediu a Noé que reunisse casais de cada espécie de animal e os protegesse em uma arca onde ele e sua família ficariam abrigados para sobreviver à inundação planetária. As escrituras contam ainda que choveu durante 40 dias e 40 noites e que as águas permaneceram sobre a terra durante mais 150 dias.

O dilúvio realmente aconteceu?

A autenticidade deste relato bíblico é debatida há muito tempo. O dilúvio teria realmente acontecido? Em entrevista à CNN, Thomas Steuber, professor do Departamento de Ciências da Terra na Universidade Khalifa de Ciência e Tecnologia de Abu Dhabi, abordou uma hipótese para a origem do mito.

Segundo o pesquisador, as dunas fossilizadas de Al Wathba, em Abu Dhabi, poderiam ter inspirado o relato do dilúvio. Steuber diz que essas estruturas foram criadas por ciclos de eras glaciais e degelos que ocorreram entre 200 mil e 7 mil anos atrás. Esse fenômeno drenou o Golfo Pérsico e provocou inundações na região.

"Com um Golfo Pérsico seco, os rios Tigre e Eufrates teriam desembocado no Oceano Índico e o que é agora o Golfo seria uma área baixa e fértil que há 8 mil anos teria sido habitada, e as pessoas podem ter testemunhado este rápido aumento do nível do mar", disse ele. "Talvez isso tenha levado a alguma memória histórica registrada nos livros sagrados dessas três religiões locais (judaísmo, cristianismo e islamismo)", completou.

O curioso é que outra obra, a Epopeia de Gilgamesh, já trazia um relato de dilúvio muito parecido ao da Bíblia, mas escrito mil anos antes do Gênesis. O texto apresenta situações familiares, como uma arca cheia de pessoas e animais que encalha em um montanha após um dilúvio que destruiu a humanidade e um pássaro enviado para conferir se as águas haviam baixado. Só que ao invés de Noé, o protagonista se chamava Utnapistim.