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Coroa de Espinhos: a suposta relíquia de Cristo abrigada na Catedral de Notre-Dame

A história desse artefato religioso (cuja autenticidade não pode ser comprovada) atravessa séculos e continentes
Por History Channel Brasil em 04 de Dezembro de 2024 às 15:49 HS
Coroa de Espinhos: a suposta relíquia de Cristo abrigada na Catedral de Notre-Dame-0

O Santo Sudário e os fragmentos da Verdadeira Cruz não são as únicas relíquias associadas à Paixão de Cristo. Uma outra peça que teria sido preservada após a crucificação de Jesus é a Coroa de Espinhos. A história desse artefato religioso (cuja autenticidade não pode ser comprovada) atravessa séculos e continentes. 

Santa Helena

Os três evangelhos que mencionam a coroa de espinhos não dizem o que aconteceu com a peça depois que Cristo foi crucificado. Segundo a tradição, o artefato foi descoberto no século IV por Santa Helena, mãe do imperador Constantino, durante sua peregrinação a Jerusalém. As mais antigas citações à relíquia remontam ao século V, quando São Paulino de Nola e Gregório de Tours relataram sua existência. 

A Coroa de Espinhos abrigada na França
A Coroa de Espinhos abrigada na França (Imagem: Gavigan (CC BY-SA 3.0), via Wikimedia Commons)

Após ser transferida para Constantinopla entre os séculos VII e X, a coroa foi protegida na capela imperial Nossa Senhora do Farol. Em 1204, os cruzados invadiram Constantinopla. O Império Latino, sucessor do Império Bizantino, tomou posse da preciosa relíquia.

Em 1237, o imperador Balduíno II, em crise financeira, vendeu-a ao seu primo, o rei Luís IX da França em 1238. Profundamente devoto,  Luís levou a coroa descalço em uma procissão solene até Paris e, pouco tempo depois, construiu a Sainte-Chapelle para abrigá-la. A capela gótica tornou-se um dos maiores símbolos da devoção cristã na Europa medieval, elevando a coroa à condição de objeto central de culto e inspiração artística.

Durante a Revolução Francesa, a coroa foi transferida para a Abadia de Saint-Denis e, em 1806, reassentada na catedral de Notre-Dame, onde permaneceu acessível aos fiéis. A cada Sexta-Feira Santa, o relicário que contém os delicados ramos da coroa, feitos de junco marinho, era exposto à veneração pública. Desde então, a relíquia sobreviveu a guerras e revoluções, preservada como um elo tangível com a história cristã.

Em 15 de abril de 2019, a catedral de Notre-Dame foi atingida por um incêndio devastador. No entanto, graças à ação de bombeiros e do padre Jean-Marc Fournier, a coroa foi resgatada. Enquanto a catedral foi restaurada, o relicário ficou guardado em outro local, mas voltará à Notre-Dame após sua reinauguração neste fim de semana.

Fontes
The Conversation e Aleteia
Imagens
istock