Estudo revela lado obscuro de Madre Teresa de Calcutá
Madre Teresa de Calcutá sempre foi uma religiosa muito respeitada. Apesar disso, desde que ela era viva, muita gente já apontava contradições em suas atitudes. Em um estudo chamado “O Lado Obscuro de Madre Teresa”, os pesquisadores canadenses Serge Larivée, Carole Senechal e Geneviève Chenard retrataram a famosa beata católica (hoje Santa Teresa de Calcutá) como uma pessoa que tratava os mais pobres com crueldade e se unia a pessoas de caráter duvidoso, como ditadores e estelionatários.
A religiosa católica albanesa naturalizada indiana foi fundadora da Congregação das Missionárias da Caridade. Tornou-se famosa no mundo todo principalmente após o documentário do jornalista Malcolm Muggeridge, da BBC, “Something Beautiful for God”, de 1969. Muggeridge a apresentou ao mundo como uma frágil missionária que se dedicava totalmente aos pobres e doentes da Índia. Seu trabalho de auxílio a pobres, órfãos e moribundos foi tão reconhecido dentro e fora da Índia que ela recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1974. Ela morreu em 1997. Em 2003, foi beatificada pelo Papa João Paulo II e em 2016 canonizada pelo atual Papa Francisco.
Uma das discrepâncias mais marcantes apontadas no estudo foi o pouco critério da congregação na hora de aceitar doações em dinheiro e até homenagens, como dos ditadores Jean-Claude Duvalier, do Haiti, e Enver Hoxha, da Albânia, e do estelionatário americano Charles Keating – ela inclusive intercedeu junto ao tribunal pedindo que o concedesse misericórdia. Além disso, ela era radicalmente contra o divórcio e uma de suas maiores doadoras era Lady Di, mesmo após se separar do príncipe Charles.
Outras críticas dizem respeito às “casas de doentes” fundadas pela Madre. No auge de sua arrecadação, a congregação possuía o equivalente a mais de 100 milhões de reais em caixa e, no entanto, mantinha uma infraestrutura precária, com doentes agonizando em esteiras no chão, tratados com remédios ineficientes, seringas lavadas com água e uma falta de higiene crônica. A própria Madre, por outro lado, tratava seus problemas de saúde em hospitais de ponta na Índia e Estados Unidos.
Em um artigo escrito para a American Magazine, o padre jesuíta James Martin rebateu as acusações à religiosa. Segundo ele, o fato de Madre Teresa ter sido tratada em instituições sofisticadas se devia à insistência de seus subordinados, que a forçavam a aceitar o melhor tratamento para si. Ele também disse que a ordem de Madre Teresa não oferecia serviços de saúde, mas abrigo a pessoas carentes que haviam sido abandonadas para morrerem sozinhas. Seu objetivo seria providenciar conforto e consolo para indivíduos à beira da morte.