A lenda da Papisa Joana, a mulher que teria liderado a Igreja Católica
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Os registros oficiais do Vaticano afirmam que todos os mais de 260 papas católicos foram homens. Mas, de acordo com uma lenda medieval, uma mulher pontífice pode ter liderado a Igreja por um breve período no século IX. A "Papisa Joana" teria sido uma jovem que se disfarçou de homem e acabou sendo eleita papa (com o nome de João VIII) no ano de 855.
Mito ou verdade?
A lenda diz que a Papisa Joana governou a Igreja com sabedoria e habilidade por cerca de dois anos, até que durante uma procissão papal, nas ruas de Roma, ela deu à luz uma criança. A descoberta de que o Papa era, na verdade, uma mulher teria causado choque e indignação entre os presentes. Algumas versões afirmam que ela morreu durante o parto, enquanto outras dizem que os cidadãos enfurecidos a arrastaram por trás de um cavalo e a apedrejaram até a morte.
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A "papisa" se popularizou na imaginação medieval no século XIII, mais de 300 anos após o suposto acontecimento. Foi quando sua história apareceu em crônicas escritas pelos frades dominicanos Jean de Mailly e Stephen de Bourbon. No século XIV, o escritor Giovanni Boccaccio mencionou-a em um livro sobre mulheres famosas, e sua imagem apareceu em pinturas, esculturas e cartas de tarô. Ela até foi brevemente incluída em uma coleção de bustos papais na Catedral de Siena, na Itália.
Apesar de sua celebridade medieval, a maioria dos historiadores hoje considera a Papisa Joana como um mito. Não existem referências confiáveis a ela durante sua vida, e seu suposto reinado coincide com o de dois pontífices bem documentados, Leão IV e Bento III. Embora alguns estudiosos argumentem que ela possa ter existido mais tarde ou sido apagada dos registros oficiais, a explicação mais provável é que sua história era uma sátira antipapal popularizada por monges descontentes, primeiros protestantes e outros críticos da Igreja Católica.