Derretimento da camada de gelo da Antártida Ocidental é inevitável, diz estudo
Segundo um novo estudo, a camada de gelo da Antártida Ocidental continuará a aumentar a sua taxa de derretimento ao longo do resto do século, independentemente do quanto o uso de combustíveis fósseis seja reduzido. Os pesquisadores do British Antarctic Survey (BAS) dizem que provavelmente não será mais possível evitar esse degelo, o que pode resultar em um rápido aumento do nível do mar nas próximas décadas. As conclusões dos cientistas foram publicadas na revista Nature Climate Change.
Risco para populações costeiras
Para o estudo, os cientistas fizeram simulações em um supercomputador com o objetivo de investigar o derretimento da camada de gelo da Antártida Ocidental. A equipe simulou quatro cenários futuros do século XXI, além de um cenário histórico do século passado. Os resultados apontam que mesmo que os países consigam limitar as emissões de gases com efeito de estufa e conter o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais (meta adotada no Acordo de Paris), o derretimento aumentará três vezes mais rapidamente durante o resto deste século do que durante o século XX.
“Parece que perdemos o controle do derretimento da camada de gelo da Antártida Ocidental. Se quiséssemos preservá-lo no seu estado histórico, deveríamos ter tomado medidas sobre as alterações climáticas há décadas", disse Kaitlin Naughten, líder do estudo. "O lado bom é que, ao reconhecer esta situação antecipadamente, o mundo terá mais tempo para se adaptar à subida do nível do mar que está para chegar. Se você precisar abandonar ou reprojetar substancialmente uma região costeira, ter um prazo de 50 anos fará toda a diferença”, afirmou.
O derretimento da camada de gelo da Antártida Ocidental é o principal fator para o aumento do nível do mar naquela região. Modelagens anteriores concluíram que essa perda de gelo poderia ser causada pelo aquecimento do Oceano Antártico, particularmente da região do Mar de Amundsen. Coletivamente, a camada contém gelo suficiente para elevar o nível médio global do mar em até cinco metros, podendo afetar milhões de pessoas que vivem nas regiões costeiras ao redor do mundo.