Extinção em massa que antecedeu o jurássico teria ocorrido muito depois do que se acredita
Uma das maiores extinções em massa em nosso planeta aconteceu no período jurássico-triássico. Estima-se que entre 25% e 34 % dos gêneros marinhos teriam desaparecido nessa época. Além disso, muitos espécimes terrestres desapareceram, abrindo caminho para os dinossauros e pterossauros, que dominariam a Terra pelos próximos 135 milhões de anos. Agora, um novo estudo aponta novas causas para o evento e indica que ele aconteceu mais tarde do que se imaginava.
A pesquisa, de autoria de cientistas da Universidade Curtin, na Austrália, foi publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). O estudo joga uma nova luz sobre o evento de extinção em massa, além de de fornecer pistas a respeito do que causou a morte da vida triássica e permitiu a expansão ecológica dos dinossauros no período jurássico.
Até agora, a hipótese mais amplamente aceita aponta para enormes erupções vulcânicas como a causa da extinção em massa do triássico-jurássico. Além disso, outros fatores foram apontados para o evento, como colisões de asteroides e mudanças climáticas. Para entender melhor o que aconteceu, os cientistas analisaram biomarcadores fósseis moleculares de rochas do Canal de Bristol, na costa da Inglaterra (que na época fazia parte do supercontinente Pangeia).
De acordo com os pesquisadores, as amostras mostraram evidências de antigos tapetes microbianos (comunidades complexas de microrganismos que preservam indicadores das condições atmosféricas da época). As mudanças no ecossistema naquela região da Inglaterra e nas bacias hidrográficas da Europa central têm sido usadas há muito tempo como um indicador do que aconteceu. Elas apontam a queda repentina no carbono orgânico-13, considerado um sinal inicial das mudanças atmosféricas que levaram ao evento de extinção em massa.
O que o novo estudo revelou foi que essa queda nos níveis de carbono tornou as águas oceânicas mais ácidas, afetando delicados ecossistemas marinhos e causando outras mudanças planetárias desfavoráveis. Além disso, os dados ajudaram os pesquisadores a concluir que o evento de extinção começou para valer durante o final do período rhaetiano (triássico superior), dezenas de milhares de anos depois do que se acreditava anteriormente.
"Por meio de nossa análise da assinatura química desses tapetes microbianos, além das observações na mudança no nível do mar e no resfriamento da coluna de água, descobrimos que a extinção em massa do final do triássico ocorreu mais tarde do que se pensava", disse Peter Fox, líder do estudo. Segundo os cientistas, os resultados da pesquisa não só oferecem uma nova teoria sobre o início dessa extinção, mas também trazem uma espécie de alerta sobre potenciais eventos futuros semelhantes. A professora Kliti Grice, da Curtin University, disse que essas informações podem proteger o meio ambiente e a saúde do ecossistema nas gerações vindouras.
Fontes: Science Alert e Universidade Curtin, via Phys.org
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