"Fantasma estelar" é detectado pela NASA vagando pela Via Láctea
Os astrônomos estimam que 100 milhões de buracos negros vagam entre as estrelas da Via Láctea, mas nunca identificaram de forma conclusiva um desses "objetos fantasma". Agora, após seis anos de observações, o telescópio espacial Hubble da NASA, pela primeira vez, forneceu evidências diretas de um deles à deriva no espaço. O gigante recém-detectado fica a cerca de 5 mil anos-luz de distância da Terra, em uma região da nossa galáxia conhecida como Carina-Sagitário.
Buraco negro errante
"Nossa galáxia, a Via Láctea, é assombrada. O vasto abismo de espaço entre as estrelas é preenchido pelos restos mortos, queimados e esmagados de estrelas outrora gloriosas", diz um comunicado da NASA. "Esses buracos negros não podem ser vistos diretamente porque sua intensa gravidade engole a luz. Como fantasmas errantes lendários, sua presença só pode ser deduzida ao observar como eles afetam o ambiente ao seu redor", explica o texto.
Segundo os pesquisadores, os buracos negros que vagam pela Via Láctea nascem de estrelas raras e monstruosas que representam menos de um milésimo da população estelar da galáxia. Essas estrelas, que são pelo menos 20 vezes mais massivas que o nosso Sol, explodem como supernovas e seu núcleo remanescente é esmagado pela gravidade, se tornando um buraco negro. Como a explosão não é perfeitamente simétrica, o buraco negro pode dar um "coice" e se deslocar pela nossa galáxia como o disparo de uma bala de canhão.
Mas os telescópios não conseguem fotografar um buraco negro porque ele não emite luz. No entanto, ele distorce o espaço em sua volta, desviando e amplificando a luz das estrelas. Os astrônomos usam o fenômeno, chamado microlente gravitacional, para detectar esses e outros tipos de objetos espaciais. Foi com essa técnica que os pesquisadores Kailash Sahu, do Space Telescope Science Institute, e Casey Lam, da Universidade Berkeley, puderam identificar o objeto errante.
Os astrônomos estimam que o objeto invisível tem entre 1,6 e 4,4 vezes a massa do Sol. Por enquanto, eles ainda não podem afirmar com certeza do que se trata. "Por mais que gostássemos de dizer que é definitivamente um buraco negro, devemos relatar todas as hipóteses possíveis. Isso inclui tanto buracos negros de menor massa quanto possivelmente até uma estrela de nêutrons", disse Jessica Lu, pesquisadora da Universidade Berkeley. “Seja o que for, o objeto é o primeiro remanescente estelar escuro descoberto vagando pela galáxia, desacompanhado de outra estrela”, acrescentou Lam.