Nova espécie de dinossauro brasileiro está no centro de polêmica científica internacional
Uma equipe internacional de cientistas apresentou um estudo sobre a descoberta de uma espécie brasileira de dinossauro. O Ubirajara jubatus viveu há cerca de 110 milhões de anos na na Bacia do Araripe, entre Ceará, Pernambuco e Piauí. Ele tinha o tamanho aproximado de uma galinha e apresentava algumas características nunca vistas antes em dinossauros. Mas a pesquisa causou polêmica entre paleontólogos do Brasil, que questionam como o fóssil saiu do país.
Segundo um Decreto-Lei de 1942, a movimentação de fósseis para fora do território nacional deve ser validada pelo governo federal. Além disso, uma portaria do Ministério da Ciência publicada em 1990 determina que materiais e dados científicos do Brasil só podem ser estudados fora do país se houver participação de ao menos um cientista brasileiro na pesquisa. Ainda de acordo com a portaria, o material estudado também deve ser devolvido ao território brasileiro.
Dinossauro estiloso, que viveu em terras cearenses, é alvo de polêmica internacional | Imagem: Bob Nicholls / Cretaceous Research
— Agência Eco Nordeste (@NordesteEco) December 17, 2020
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O estudo sobre o Ubirajara jubatus, publicado na revista científica Cretaceous Research, é assinado por pesquisadores ingleses, alemães e mexicanos. Segundo o artigo, as amostras dos fósseis foram levadas à Alemanha com autorização de exportação por um agente do Escritório Regional de Crato do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) — atual Agência Nacional de Mineração (ANM) — em 1º de fevereiro de 1995. À revista Galileu, o paleontólogo Dino Frey, do Museu Estadual de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha, enviou um documento do órgão que comprovaria a legalidade do transporte do fóssil.
Frey disse ainda que recrutou um brasileiro para participar do estudo, mas que no decorrer do processo foi descoberto que ele não teria as qualificações necessárias para um doutorado na Alemanha. Segundo o alemão, o pesquisador do Brasil teria chegado a falsificar uma carta às autoridades da Universidade de Heidelberg, motivo pelo qual foi cortado do projeto. Já o paleontólogo David Martill, professor da Universidade de Portsmouth e um dos líderes do estudo, criticou a lei que estipula a participação de brasileiros em pesquisas envolvendo material do país. Segundo ele, "o nacionalismo na ciência é algo ruim".
O dinossauro
De acordo com o estudo, o Ubirajara jubatus possuía uma crina ao longo do dorso e um par de estruturas alongadas e rígidas em forma de fitas provavelmente saindo do ombro. Além disso, o animal apresentava uma espécie de juba. Essas características são inéditas em fósseis de dinossauros. Segundo os pesquisadores, esses atributos físicos teriam uma função de exibição, como as penas de pavões.
Imagem: Luxquine, via Wikimedia Commons