“O último soviético”: a saga do cosmonauta que foi abandonado no espaço
Serguei Krikalev estava na Estação Espacial Mir quando seu país de origem deixou de existir
O veterano russo Sergei Krikalev, um dos cosmonautas que mais tempo passou no espaço, poderia ser considerado também o último cidadão soviético. Enquanto ele fazia seu segundo voo espacial, a história mudou drasticamente e sua estadia na Estação Espacial Mir se prolongou muito além do programado.
Fim da URSS
Krikalev ingressou no Programa Espacial Soviético em 1985, quando começou a treinar para viajar ao espaço. Em 1988, a bordo da Soyuz TM-7, embarcou na primeira de suas várias viagens espaciais, com destino à Estação Espacial Mir.
Em 1990, foi selecionado para uma nova viagem à estação espacial, programada para maio de 1991, da qual também participariam astronautas britânicos. Permaneceu no espaço vários meses até que, em outubro de 1991, Krikalev foi notificado de que sua permanência a bordo da estação espacial seria indefinida. Isso porque seu país simplesmente deixou de existir nesse meio tempo.
As crônicas da época, como as do jornal El País, descreveram assim a situação: “Krikalev deixou a Terra quando ainda existia a URSS e Mikhail Gorbatchov acabava de fazer as pazes com Boris Yeltsin”. No entanto, enquanto o cosmonauta estava no espaço, a União Soviética se desintegrava e não havia orçamento para custear seu retorno à Terra.
A situação econômica na União Soviética era muito delicada. O governo inclusive tentou vender a Estação Espacial à NASA e assinou contratos publicitários com empresas dos Estados Unidos para que os cosmonautas aparecessem em diversas campanhas utilizando diferentes produtos de consumo.
Durante mais de dez meses, Krikalev permaneceu na Estação Espacial Mir, ou seja, cinco meses a mais que o planejado. Finalmente, retornou à Terra em uma viagem financiada pela Alemanha. Naquele momento, era o último cidadão soviético do mundo. Hoje, aos 63 anos, ele é um engenheiro, aviador e militar.
Fontes
IFLScience
Imagens
iStock