Planeta gigante misterioso que não deveria existir desafia teorias astronômicas
Um planeta gasoso gigante "que não deveria existir" foi descoberto por uma equipe de cientistas da Alemanha e Espanha. O astro (que tem metade do tamanho de Júpiter) é muito grande em relação à estrela que orbita, o que intriga os astrônomos. Segundo os pesquisadores, esse fato contradiz as atuais teorias astronômicas.
A estrela que o planeta orbita é uma anã vermelha do tipo M, chamada GJ 3512, que fica a 30 anos-luz da Terra. De acordo com os cientistas, ela tem uma massa maior do que o planeta gigante em questão, batizado, atenção, de GJ 3512b (não confunda os dois). Mas o que surpreendeu os astrônomos é que a diferença de tamanho entre os astros é muito menor do que a existente entre o Sol e Júpiter, por exemplo. A GJ 3512 tem uma massa apenas 270 vezes maior do que o planeta gigante. Já o Sol é cerca de 1050 vezes mais massivo que Júpiter.
Até hoje, acreditava-se que os planetas gigantes surgiam quando fragmentos rochosos se juntavam ao redor de um disco de gás em volta de uma estrela, até formarem uma esfera com massa significativa. Depois, hidrogênio e hélio seriam atraídos por ela até se formar um grande astro cheio de gás. Mas a estrela GJ 3512 possui uma massa que equivale a apenas um décimo da do Sol, o que é considerado pouco para acumular material suficiente para o surgimento de um novo planeta.
De acordo com um dos autores do estudo, o astrônomo Ignasi Ribas, do Instituto de Ciências do Espaço de Barcelona, é a primeira vez que se encontra um planeta deste tipo em uma estrela assim. A descoberta desafia o conceito que os cientistas tinham a respeito da formação planetária e dá margem a novas teorias. Segundo eles, talvez o exoplaneta GJ 3512b tenha sido formado por um mecanismo diferente, chamado de colapso gravitacional. “Este estudo é a vanguarda de uma nova era”, afirmou o astrônomo Greg Laughlin, da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
O misterioso planeta foi detectado por um consórcio de pesquisa espanhol-alemão chamado Carmenes, que estabeleceu o objetivo de descobrir planetas em torno de estrelas pequenas. Para isso, foi construído um novo equipamento, instalado no Observatório Calar Alto, a 2100m de altitude, no sul da Espanha.
Imagens: Universidade de Berna/Divulgação