Antigo santuário chinês pode conter o crânio de Buda
Restos do crânio de Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda, teriam sido encontrados em uma cripta sob o Templo de Grand Bao’en, em Nanjing, na China.
Entre 2007 e 2010, arqueólogos do Instituto Municipal de Arqueologia de Nanjing, com a ajuda de outros especialistas chineses, escavaram uma cripta de pedra enterrada sob o templo. Ignoradas pela mídia ocidental, mas divulgadas exaustivamente na China, as escavações trouxeram à tona a descoberta impressionante: a cripta continha um modelo de mil anos de idade de um santuário budista conhecido como estupa, feito de sândalo, cristal, ouro e incrustrado por pedras preciosas. Dentro do artefato ornamentado, os arqueólogos encontraram os restos de vários santos budistas, incluindo um osso parietal (crânio), que, segundo as inscrições que o acompanhavam, teriam pertencido a Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda.
Embora, inicialmente, os arqueólogos tenham relatado suas descobertas nas escavações no Templo de Grand Bao’en em 2015, uma tradução em inglês foi publicada recentemente no periódico Chinese Cultural Relics.
Segundo o artigo, os arqueólogos estavam escavando uma cripta de pedra debaixo do templo quando encontraram o modelo de uma estupa, uma espécie de santuário budista utilizado para meditação.
Valor inestimável
Medindo 117 cm de altura e 45 cm de largura, o santuário é um artefato de valor inestimável. Ele foi feito de sândalo, cristal, ouro e coberto por pedras preciosas, como vidro, cristal, lápis-lazúli e ágata. A superfície também está entalhada com imagens de Sidarta Gautama, o venerado mestre e fundador do Budismo. As gravuras revelam cenas da vida de Buda, desde o nascimento até o momento em que ele atingiu o paranirvana, o estado pós-morte onde, segundo a tradição budista, uma pessoa é libertada do ciclo de nascimento e renascimento.
Dentro da estupa, os arqueólogos encontraram um pequeno caixão de prata, que continha outro caixão de ouro. Imagens de fênixes, flores de lótus e deuses com espadas enfeitavam ambos os caixões. Os espíritos hindus, conhecidos como apsarás, que tocam instrumentos musicais, também apareciam na superfície do caixão de prata externo. O caixão de ouro interno continha três garrafas de cristal e uma caixa prateada com os restos dos santos budistas. Ao lado deles, estava um fragmento de um osso parietal, que vinha acompanhado de inscrições identificadas como do próprio Buda.
As inscrições no baú de pedra, no qual o modelo foi encontrado, foram escritas cerca de mil anos atrás por um homem chamado Deming. De acordo com as traduções, o escritor alegava ser “o Mestre da Iluminação Perfeita, Abade do Monastério de Chengtian [e] o Detentor do Manto Púrpura”. Segundo ele, o santuário foi construído durante o reino do Imperador Zhenzong da dinastia Song, que governou a China de 997 a 1.022 d.C. Ele listou os nomes das pessoas que doaram dinheiro ou materiais para a construção do modelo, assim como o de algumas pessoas que o construíram.
Restos "divididos em 84 mil partes"
Em seguida, Deming descreve o traslado dos restos mortais de Buda para a China, afirmando que depois que entrou no paranirvana, seu corpo foi cremado no seu país natal, a Índia. Segundo Deming, o rei Asoka, que governou a Índia de 268 a 232 a.C., determinou que os restos mortais de Buda fossem preservados e “divididos em um total de 84 mil partes”. A China recebeu 19 dessas partes, incluindo o osso parietal contido no santuário.
De acordo com Deming, o templo no qual os restos mortais estavam enterrados foi destruído 1.400 anos atrás, durante uma sequência de guerras. Ele foi reconstruído sob as ordens do Imperador Zhenzong, e o osso parietal foi enterrado com grande cerimônia em uma cripta subterrânea, no mesmo local, em 1.011, ao lado dos restos de outros santos budistas. Deming elogiou o imperador por reconstruir o templo e enterrar novamente os restos de Buda: “Que o Herdeiro Aparente e os príncipes imperiais sejam abençoados e prósperos com 10 mil descendentes; que os Ministros Civis e Militares da Corte sejam leais e patriotas; que as três forças armadas e os cidadãos tenham uma época feliz e pacífica...”.
Mais investigações
Enquanto as inscrições claramente indiquem que o osso do crânio tenha pertencido a Buda, não se sabe se essas afirmações são verdadeiras. Embora os arqueólogos não tratem em seu artigo sobre a probabilidade de o osso ser realmente de Buda, ele tem sido tratado com grande respeito desde sua descoberta. Os cientistas o confiaram aos monges budistas do atual Templo de Qixia, que o enterraram lá. Posteriormente, o osso parietal e outros artefatos da escavação foram expostos em Hong Kong e Macau, onde dezenas de milhares de budistas compareceram para prestar homenagens.
Fontes: History
Crédito: Chinese Cultural Relics