Ao modo nazista: Suécia aplicou higiene racial à sua população com suposto apoio da ciência
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Quando se fala em higiene racial, costuma-se lembrar das atrocidades que os nazistas cometeram contra os judeus. Mas essa prática não ficou restrita à Alemanha de Hitler. Na Suécia, o médico Herman Bernhard Lundborg também realizou atrozes experimentos que tinham como alvo grupos étnicos minoritários e pessoas consideradas "indesejáveis".
Esterilização em massa
O discurso supremacista de Herman Bernhard Lundborg adiantou em mais de uma década as práticas do médico nazista Josef Mengele e as teorias de superioridade racial nas quais o Terceiro Reich alemão baseou suas políticas de extermínio. A Suécia criou o primeiro instituto racial da história, com a fundação do Instituto Sueco para a Biologia Racial de Uppsala, em 1922, a mando de Lundborg. Esse órgão contribuiu para a expansão das teorias eugênicas na Alemanha, Estados Unidos e países escandinavos.
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Primeiro diretor do Instituto, Lundborg defendida que "os nórdicos constituem a raça superior, e qualquer tipo de mestiçagem com indígenas sami da Lapônia, romanis, judeus, tornedalianos, fineses ou outras minorias raciais debilitaria o povo escandinavo”. Assim, por meio da teoria de “higiene racial”, a Suécia promoveu a esterilização não somente dos samis, mas também da etnia cigana, além de pessoas vulneráveis e consideradas "de baixa inteligência".
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Em 2014, o governo sueco reconheceu as esterilizações e perseguições a minorias. Após um pedido de desculpas, foi estabelecida uma comissão para investigar os casos. A iniciativa revelou que a Suécia praticou a esterilização em massa em 230 mil pessoas, entre os anos de 1935 e 1996, amparando-se em programas de eugenia e “higiene social e racial” aprovados em parlamento. Após a década de 1970, a maioria dos pacientes submetidos ao procedimento eram mães alcoólatras, pessoas com doenças psiquiátricas ou em situação de extrema marginalidade social.
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