Arqueólogos encontram evidência de cirurgia craniana feita há 3.500 anos em Israel

Evidências apontam que diversas civilizações praticavam a trepanação craniana há milhares de anos. Exemplos desse tipo de procedimento médico, que envolve abrir um buraco no crânio, foram encontrados por todo o globo, da América do Sul até a Europa. Agora, arqueólogos identificaram o mais antigo caso de uma cirurgia do tipo registrada no Oriente Médio.

Trepanação angular

Rachel Kalisher, pesquisadora da Universidade Brown, nos Estados Unidos, analisou os restos mortais de dois irmãos de classe alta que viveram em Megido, antiga cidade situada no atual território de Israel, por volta do século XV a.C. Ela descobriu que, pouco antes de morrer, um deles passou por um tipo específico de cirurgia craniana chamada "trepanação angular entalhada". O procedimento envolve cortar o couro cabeludo com um instrumento afiado para esculpir quatro linhas que se cruzam no crânio e usar uma alavanca para fazer um orifício em forma de quadrado.

De acordo com Kalisher, os dois irmãos viviam em uma área residencial adjacente a um palácio de Megido erguido no fim da Idade do Bronze, sugerindo que eram membros da elite da sociedade e possivelmente até da própria realeza. Em sua análise, ela detectou várias anormalidades esqueléticas que poderiam explicar por que eles morreram jovens, um na adolescência ou no início dos 20 anos e o outro entre os 20 e os 40 anos. Outras evidências também sugerem que eles podem ter morrido de alguma doença infecciosa, como a hanseníase.

Kalisher disse que também é difícil saber se foi a doença, as condições congênitas ou outra coisa que levou um irmão a se submeter a uma cirurgia craniana. Mas uma coisa ela sabe com certeza: se a trepanação com entalhe angular foi feita para mantê-lo vivo, o procedimento não teve sucesso. Ele morreu logo após a cirurgia - em dias, horas ou talvez até minutos.