Cidade na Alemanha declara "emergência nazista"
Vereadores de Dresden, na Alemanha, aprovaram uma declaração de situação de "emergência nazista". De acordo com os políticos que votaram a favor da medida, a cidade enfrenta sérios problemas relativos à extrema direita. Eles alegam que atitudes e ações extremistas estão ocorrendo com frequência crescente no local.
A medida foi proposta pelo vereador Max Aschenbach, da legenda satírica Die Partei ("O Partido"). De acordo com ele, era necessário agir porque os políticos não estão "se posicionando claramente" contra a extrema direita. "Esta cidade tem um problema com nazistas e temos que fazer algo em relação a isso", afirmou. Aschenbach disse ainda que a adoção da medida mostra o compromisso da Câmara da cidade em promover "uma sociedade livre, liberal e democrática que proteja as minorias e se oponha resolutamente aos nazistas".
A cidade de Dresden é vista como foco de grupos de extrema direita. Foi lá que nasceu o movimento anti-islâmico Pegida, sigla em alemão para "patriotas europeus contra a islamização do Ocidente". No início dos anos 90, grupos neonazistas começaram a organizar comícios para lembrar o que chamavam de "Holocausto do bombardeio", quando a cidade foi bombardeada por forças britânicas e americanas em 1945.
O texto aprovado pela Câmara orienta que a cidade ajude as vítimas de violência de extrema direita, proteja minorias e fortaleça a democracia. Kai Arzheimer, professor de política alemã especialista em extrema direita, disse que o principal impacto da resolução é simbólico, mas que isso pode significar que mais dinheiro seja alocado para programas de combate ao extremismo no futuro.
A medida foi aprovada por 39 votos a favor e 29 contra. Os vereadores que rejeitaram a declaração dizem que ela é exagerada. "Do nosso ponto de vista, isso foi uma provocação deliberada", disse Jan Donhauser, do Partido Democrata Cristão. "Estado de emergência significa o colapso ou uma séria ameaça à ordem pública. Não é isso que está acontecendo. Além disso, o foco no ‘extremismo de direita’ não faz justiça às nossas necessidades. Somos guardiões da ordem liberal-democrática e nenhuma violência é compatível com ela, não importa de que lado venha o extremismo", completou. Apesar de se opor à medida, o partido disse que espera que ela "fortaleça as instituições para combater a violência por motivos políticos".
Fontes: BBC e Deutsche Welle
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