Confissões do #Infiltrado: O Mundo dos Cariocas
O carioca é um sujeito tão diferente do resto da humanidade, que julguei apropriado investigá-lo a fundo. Que malemolência é essa? Pra que tanta marra? E aquela favela desfigurando a Cidade Maravilhosa? Como se vive nesse Rio de Janeiro tão caro e tão pobre, mermão?
O mineiro, e não o paulista, é a antítese do carioca. Nós mineiros somos tímidos e observadores; eles são extrovertidos e entrões. Nós não precisamos de corpos sarados, já que em Minas não se vai ao banco usando uma sunga; eles são fortes e sarados, prontos para encarar grandes mulheres e supinos maiores ainda; nós recebemos os amigos em volta da mesa, porque não basta lhes abrir a porta da sala; o carioca diz: “Passa lá em casa depois” – é o jeito dele de falar: “Tchau! Até nunca mais!”.
Eu sabia que a tarefa não ia ser fácil: para conhecer os cariocas, deveria me transformar em um deles, deixando a minha mineiridade na areia e me jogando ao mar.
...supostamente aceita uma mistura de todos com todo mundo, num misto de trabalho duro e chinelagem sem igual.Fred Melo Paiva, O InfiltradoPercorri todos os estereótipos que rondam o carioca, testando suas verdades e buscando agregá-los à minha pessoa. Fiz surf, embora fique panicado quando a água do mar atinge minha canela. Puxei uns ferros. Puxei uns “s” e aprendi que a tudo se é possível dizer, afinal, “valeu aê”.
O mais importante de tudo, no entanto, foi aprofundar na maneira sui generis que vive aquele povo, entre a riqueza e a pobreza, a alegria e a violência. O mundo olha para o Brasil, e em especial para o Rio, interessado em seu life style – que supostamente aceita uma mistura de todos com todo mundo, num misto de trabalho duro e chinelagem sem igual.
E sabe? Isso, no fundo, é mais bonito do que aplaudir o pôr do sol.