Confissões do #Infiltrado: O Mundo dos Detetives
O universo dos detetives particulares já havia cruzado meio caminho quando, recém chegado na profissão de jornalista, a revista Playboy me incumbiu de desvendá-lo aos seus leitores interessados pra valer em penetrar outros assuntos.
Naquela ocasião, há cerca de 15 anos, eu ainda era um repórter convencional. Agora, imbuído do meu espírito de infiltrado, adotei outro modus operandi: para mergulhar no mundo dos detetives, eu ia me transformar em um deles.
Para mim, até prova em contrário, todo o mundo é de fato inocente, por mais que pareça culpado. Sob certo ponto de vista, sou o bobo que em tudo crê – aquele sujeito desenhado para levar uma rasteira logo adiante. Fred Melo Paiva, O InfiltradoVirar um detetive não é tarefa complexa. Como demonstro no episódio, algumas aulas à distância são o suficiente para você adquirir registro e carteirinha profissional. Na prática, porém, a teoria é outra.
O problema do detetive – ou pelo menos o meu problema como detetive – é saber lidar com gente que não confia em gente. Seu drama é não se deixar levar por um ambiente onde a mentira e a traição é moeda corriqueira.
Eu sou um ser humano que acredita no ser humano. Para mim, até prova em contrário, todo o mundo é de fato inocente, por mais que pareça culpado. Sob certo ponto de vista, sou o bobo que em tudo crê – aquele sujeito desenhado para levar uma rasteira logo adiante.
Para essa pessoa, digamos assim, de alma confiante e coração aberto, o exercício da profissão de detetive é um soco na cara. Assim como a traição é seu melhor empregador, a alcaguetagem é parte fundamental de seu código de “ética”.
Se um dia o jornalismo acabar, e eu tiver de escolher uma nova profissão, antes de me firmar como detetive certamente tentarei a sorte no funk, na indústria pornô, no púlpito das igrejas evangélicas, no octógono do MMA...