Descoberta feita no Brasil indica que humanos chegaram nas Américas antes do que se imaginava

Uma descoberta feita no Brasil pode indicar que os humanos chegaram nas Américas muito antes do que se imaginava. A hipótese é baseada em ossos de preguiça-gigante com furos, encontrados no sítio arqueológico de Santa Elina, no Mato Grosso. De acordo com um novo estudo  publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society B., esses adornos teriam sido usados como pingentes por pessoas que viviam na região há cerca de 25 mil anos. 

Segundo os pesquisadores, três osteodermes (estruturas ósseas da derme, uma das camadas da pele) da espécie de preguiça-gigante Glossotherium phoenesis apresentavam sinais de modificações feitas por intervenção humana.  As peças apresentam superfície lisa e polida, além de furos que não parecem naturais. A julgar pela forma e tamanho dos artefatos, os autores do estudo concluíram que eles provavelmente eram “ornamentos pessoais”, como pingentes de colar.

“Os dados de microscopia eletrônica e fotoluminescência permitiram distinguir diferentes tipos de marcas que nos ajudaram a concluir que as marcas atribuídas a seres humanos foram feitas em ossos frescos ou pelo menos antes do enterro da carcaça”, disse Mírian Pacheco, paleontóloga da Universidade de São Carlos (UFSCAR) e uma das autoras do estudo, à Newsweek. Se as peças foram mesmo feitas por humanos, isso muda o que se sabe sobre a chegada da nossa espécie nas Américas. 

"A idade mais aceita para a ocupação humana do continente é de cerca de 16 mil anos", disse Thaís Pansani, paleontóloga da Universidade de São Carlos (UFSCAR) e uma das autoras do estudo. "No entanto, existem vários sítios arqueológicos nas Américas do Norte e do Sul que sugerem que os humanos estiveram aqui muito antes", afirmou ela para a Newsweek.